Caiado eleva críticas a Moraes e alerta para risco de desobediência civil

O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) criticou nesta terça-feira, 5, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e classificou como “excesso desmedido” a prisão domiciliar imposta ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para Caiado, decisões monocráticas como a do ministro "afloram o sentimento de enfrentamento" e podem provocar um cenário de “desobediência civil”.

As declarações foram feitas durante coletiva na B3, em São Paulo, onde o governador lançou o Fundo Creditório do Estado de Goiás. A iniciativa prevê até R$ 628 milhões em crédito para empresas exportadoras do estado afetadas pela nova tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Caiado também responsabilizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela deterioração nas relações com os EUA. Segundo ele, atitudes do governo federal têm dificultado a negociação para reverter o tarifaço.

STF
Ao comentar a prisão de Bolsonaro, o governador disse que decisões como a de Moraes “têm ultrapassado seus limites” e que o Supremo precisa retomar decisões em plenário. “Essas decisões monocráticas só estão fazendo aflorar o sentimento de enfrentamento, de cizânia e de mal-estar junto à população brasileira. Eu realmente não concordo, de maneira alguma, com o que está ocorrendo”, afirmou.

Caiado sugeriu ainda que o ministro teria ultrapassado os limites da atuação judicial. “Perdeu sua condição de juiz. Passou a ter atitudes de ordem pessoal e vingança. Esse destempero desacredita a corte”, declarou. O governador classificou o momento como “grave” e defendeu mais equilíbrio institucional. “Não é cabível o cidadão que não é condenado não poder utilizar celular, não poder sair, ser submetido ao uso de tornozeleira. Isso pode ser a gota d’água de um processo de desobediência civil”, completou.

Governo federal
Na coletiva, Caiado também atacou a postura do Palácio do Planalto diante do aumento de tarifas sobre produtos brasileiros. “Essas atitudes provocativas (de Lula) só reforçam o confronto com os americanos. Ele não fala em nome da maioria do povo brasileiro. O que nós queremos é ampliar nosso mercado, não restringir”, disse.

Segundo ele, o União Brasil decidiu pela obstrução total das pautas no Congresso Nacional em protesto contra a prisão de Bolsonaro. “Essa é uma decisão tomada depois de várias conversas com colegas, também com o presidente do partido, Rueda, e nós decidimos que, a partir de hoje, o União Brasil entra em obstrução total na pauta tanto da Câmara como do Senado Federal”, afirmou Caiado.

O governador goiano disse manter diálogo direto com o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, e voltou a defender o retorno da tarifa para o patamar de 10%, anterior à medida anunciada por Trump.

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