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Senador goiano assume discurso duro contra o STF e Lula, em ato com lideranças bolsonaristas; mobilização expõe estratégias eleitorais da direita radical
Wilder radicaliza ao marcar nova fase do PL em Goiás e antecipa disputa de 2026
04/08/2025, às 12:13 · Por Redação
A manifestação deste domingo (3), em Goiânia, foi mais que um simples protesto em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com o Jornal O Popular, ato expôs a guinada estratégica do senador Wilder Morais (PL), que abandonou de vez a moderação e incorporou um discurso frontal contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O pau vai quebrar em Brasília”, disse, em tom de ameaça, ao anunciar que 34 senadores já teriam assinado o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
A fala marca uma inflexão no estilo do parlamentar, que até então atuava nos bastidores do Senado com perfil conciliador. Agora, Wilder assume o protagonismo na ala mais radical da direita, mirando a mobilização de bases conservadoras e evangélicas — em especial no interior goiano — para fortalecer o PL em 2026.
O evento reuniu líderes bolsonaristas como o deputado federal Gustavo Gayer (PL), o ex-deputado Fred Rodrigues e representantes de siglas como Avante, PSD, União Brasil e MDB. A multidão se concentrou na Praça Tamandaré e seguiu em marcha até a Praça Cívica, com gritos de “fora Lula” e cartazes pedindo “anistia já”.
Além de reforçar a narrativa de perseguição contra Bolsonaro, os discursos também repetiram alegações de que o Brasil vive uma “ditadura do Judiciário” e pediram ajuda internacional — especialmente dos Estados Unidos. Gayer chegou a citar sanções anunciadas por Donald Trump contra Moraes, ainda que sem confirmação oficial. “Estamos pedindo socorro ao mundo”, afirmou.
A retórica radical não apenas reforça o alinhamento do PL goiano ao núcleo duro do bolsonarismo, como também antecipa o tom da pré-campanha eleitoral do partido em Goiás. Wilder, que poderá tentar a reeleição ou lançar aliados para disputas locais, usou o ato para marcar território e sinalizar fidelidade a Bolsonaro, em um momento de tensão e incerteza jurídica para o ex-presidente.
“Estamos nos aproximando do fim de Alexandre de Moraes e de Lula”, declarou o senador, em fala que sugere mais do que indignação política — revela um projeto de poder ancorado na retórica de ruptura institucional.
Pressão no Senado
O senador prometeu intensificar a pressão sobre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), para que o pedido de impeachment contra Moraes seja pautado. “Quem ficar com ele, vai cair com ele”, ameaçou. Segundo Wilder, as manifestações populares devem continuar e se ampliar nas próximas semanas, com foco em Brasília.
A mobilização também serviu como vitrine para figuras que devem disputar cargos nas eleições de 2026. Entre os presentes, estavam os deputados estaduais Paulo Cézar Martins, Eduardo Prado, Major Araújo, Gugu Nader, Cairo Salim e Amauri Ribeiro. No Legislativo municipal, a presença dos vereadores William Veloso, Oséias Varão, Coronel Urzêda e Vitor Hugo reforçou a articulação local.
Uma nova direita em construção
Ao permitir que Vitor Hugo discursasse pela primeira vez após abrir mão da pré-candidatura ao Senado em 2022, a direção do PL sinalizou uma possível recomposição interna. “Uma eleição sem Bolsonaro é golpe”, afirmou o ex-deputado, ecoando o tom beligerante adotado por Wilder.
O evento deste domingo deixa claro que a direita em Goiás aposta em radicalizar o discurso como forma de manter sua base mobilizada, em meio ao desgaste judicial de Bolsonaro e às dificuldades de articulação institucional no Congresso.
Em vez da construção de uma agenda legislativa sólida, o movimento parece mirar em símbolos e inimigos comuns — STF, Lula e o “sistema” — para se manter vivo politicamente. A dúvida que fica é até onde essa estratégia poderá ir sem colidir com as regras do jogo democrático.
Wilder Morais PL

