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Atualmente, a Serra Verde se concentra na etapa inicial do processo
Única mineradora de terras raras no Brasil opera em Goiás com capital dos EUA
28/07/2025, às 10:52 · Por Redação
O Brasil já se posiciona no mercado global de terras raras, com a única mineradora em operação no país, a Serra Verde, em Minaçu, Goiás, exportando sua produção desde o ano passado. No primeiro semestre de 2025, as exportações desses elementos tiveram um salto notável, com um aumento de quase 700% em comparação com o total vendido em 2024. O tema ganhou destaque recentemente após o embaixador interino dos EUA, Gabriel Escobar, sinalizar o interesse americano nos minerais críticos brasileiros, incluindo as terras raras.
As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos essenciais para a fabricação de ímãs utilizados em carros elétricos, painéis solares, turbinas eólicas e tecnologias de defesa. Apesar de sua abundância na crosta terrestre, a separação desses elementos é complexa, e a China detém o domínio de quase todo o mercado, desde a extração até o refino.
A Serra Verde, operando no norte de Goiás, é de propriedade de dois fundos americanos e um britânico, que a veem como uma alternativa à hegemonia chinesa nesse mercado. A mineradora tem planos ambiciosos de produzir anualmente 5.000 toneladas de óxido contido no concentrado de terras raras. Isso representaria a primeira produção fora da China dos quatro elementos magnéticos críticos essenciais para a fabricação de ímãs permanentes: neodímio, praseodímio, térbio e disprósio. Goiás, inclusive, tem ao menos outros dois projetos de terras raras em fase de implantação.
Apesar dos planos audaciosos, a meta da Serra Verde ainda está longe de ser alcançada. Neste ano, a empresa exportou 480 toneladas, com a maior parte enviada em fevereiro. Surpreendentemente, mesmo sendo controlada por capital americano, quase toda a exportação de 2025 foi destinada à China, que possui mais de 90% das refinarias de terras raras no mundo.
Atualmente, a Serra Verde se concentra na etapa inicial do processo. A empresa transforma um mineral com cerca de 0,1% de teor de terras raras em um concentrado com aproximadamente 30% de pureza, que é o material exportado. É nas refinarias chinesas que esse concentrado se transforma em óxidos altamente purificados, o material final para a fabricação de ímãs. A Serra Verde é a primeira mineradora a extrair terras raras fora da Ásia das chamadas argilas iônicas, um método de extração diferente do utilizado em outros países como EUA e Austrália, onde a extração é feita de rochas como a monazita.
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