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A ação deve começar antes do período de chuvas, quando há aumento na proliferação do mosquito transmissor

Luziânia e Valparaíso vão receber 2 milhões de mosquitos com bactéria que combate dengue por semana

22/07/2025, às 07:45 · Por Redação

Os municípios goianos de Luziânia e Valparaíso de Goiás estão entre os primeiros do Brasil a adotar uma nova tecnologia no combate à dengue: a liberação de mosquitos Aedes aegypti infectados com a bactéria Wolbachia, que reduz drasticamente a capacidade de transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya. A estratégia é coordenada pelo Ministério da Saúde e segue recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A previsão é que as duas cidades recebam juntas cerca de 2,2 milhões de mosquitos por semana a partir do segundo semestre de 2025. A ação deve começar antes do período de chuvas, quando há aumento na proliferação do mosquito transmissor.

Como funciona a tecnologia

A Wolbachia é uma bactéria naturalmente presente em cerca de 60% dos insetos — como borboletas e libélulas —, mas não existe no Aedes aegypti. Quando presente nesse mosquito, ela impede que vírus como o da dengue se multipliquem dentro do organismo do inseto, reduzindo sua capacidade de transmissão.

Os mosquitos são criados em laboratório e liberados no ambiente para se reproduzirem com os insetos selvagens. Com o tempo, a população local passa a carregar a bactéria, tornando a disseminação das doenças cada vez menos provável.

— Os estudos mostram que os impactos mais consistentes aparecem após dois anos de soltura, mas na primeira sazonalidade já se observa queda nos casos — afirma Flúvia Amorim, subsecretária de Vigilância em Saúde de Goiás.

Ela destaca que Luziânia e Valparaíso foram escolhidos por critérios técnicos: a proximidade com o núcleo de produção de mosquitos em Brasília e a alta incidência de arboviroses na região.

Produção em Brasília e escala nacional

Os mosquitos que serão soltos em Goiás fazem parte de um lote de 6,5 milhões de insetos produzidos semanalmente em Brasília. Cerca de 4,3 milhões serão utilizados no Distrito Federal e os outros 2,2 milhões distribuídos entre os dois municípios goianos.

O núcleo da capital federal é uma versão mais compacta da biofábrica inaugurada recentemente em Curitiba (PR), que recebeu investimento de R$ 82 milhões e já apresenta resultados expressivos:

97% de redução da dengue na Colômbia

96% na Austrália

86% no Vietnã

77% na Indonésia

No Brasil, cidades como Niterói (RJ) também já aplicam a tecnologia, com queda de 69% nos casos de dengue, 60% de chikungunya e 37% de zika.

Esclarecimentos à população

Apesar da liberação em grande escala, autoridades reforçam que a tecnologia é segura e não substitui os métodos tradicionais de combate ao mosquito.

Confira algumas dúvidas frequentes:

É possível identificar o mosquito com Wolbachia?

Não. O mosquito tem a mesma aparência do Aedes comum.

A bactéria é transmitida pela picada?

Não. A Wolbachia vive apenas dentro do inseto e não representa risco para humanos ou animais.

Aumenta o número de mosquitos na região?

Inicialmente sim, por conta da soltura, mas o número se estabiliza com o tempo.

Devo continuar eliminando focos de água parada?

Sim. A soltura dos mosquitos com Wolbachia é uma estratégia complementar.

A produção e distribuição dos mosquitos no Brasil é coordenada pela Wolbito do Brasil, uma parceria entre a Fiocruz e o World Mosquito Program, organização internacional sem fins lucrativos.


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