Poder Goiás

Goiânia, 23/07/25
Matérias
Divulgação

Investigação concluiu que vítima estava desarmada e foi baleada por trás na cabeça e no ombro

PM é indiciado por morte de mecânico durante fuga de blitz no Jardim Itaipú em Goiânia

17/07/2025, às 15:19 · Por Redação

O terceiro sargento da Polícia Militar, Fellipe Mecenas de Oliveira Lima, de 35 anos, foi indiciado pela Polícia Civil pelo assassinato do mecânico Marcus Phelipe de Souza Almeida, de 27, morto com um tiro na cabeça e outro no ombro após fugir de uma blitz da Balada Responsável, em Goiânia, na noite de 20 de outubro de 2023.

Marcus Phelipe estava como passageiro no carro do amigo Gustavo Alves Maciel, de 21 anos, que tentou evitar a fiscalização porque não possuía carteira de habilitação. A fuga chamou a atenção dos policiais, que iniciaram a perseguição, percorrendo cerca de 8,5 quilômetros até a frente da casa da mãe de Gustavo, onde pediram socorro. Marcus Phelipe já estava morto dentro do veículo.

A conclusão da investigação, entregue neste mês pela Delegacia de Homicídios (DIH), aponta que a vítima não estava armada, contrariando a versão inicial dos policiais de que Marcus Phelipe teria atirado durante a fuga. Segundo o delegado Marcus Vinícius Cardoso do Nascimento, os tiros que mataram o mecânico partiram da arma do sargento Fellipe e atingiram a vítima por trás.

O delegado destaca que não foi comprovada qualquer ameaça real à integridade dos policiais que justificasse a ação, afastando a tese de legítima defesa. “A resposta armada do agente não foi proporcional ou necessária para conter a fuga”, explicou Marcus Vinícius, que apontou dolo eventual por parte do sargento, por assumir o risco de matar ao disparar contra um veículo em movimento.

Falhas na perícia e demora no inquérito

A investigação durou quase dois anos, marcada por demora na entrega de laudos periciais e ausência de perícia detalhada no local do crime, sob alegação de que a área não foi preservada e a vítima havia sido socorrida. O laudo de reprodução simulada identificou que os disparos partiram de Fellipe, mas não precisou quando a vítima foi atingida, nem se os tiros atravessaram o vidro traseiro ou lateral.

Na época, a morte gerou revolta entre familiares, que sempre negaram que Marcus estivesse armado ou tivesse envolvimento em crimes. Já a Corregedoria da PM realizou uma apuração paralela, encerrada em fevereiro de 2024, concluindo que os policiais agiram em legítima defesa, mas a investigação não possui efeito legal em casos de homicídio.

Se condenado, o sargento Fellipe poderá pegar mais de 10 anos de prisão pelos crimes de homicídio e abuso de autoridade. O nome do advogado de defesa não foi informado, e o espaço segue aberto para manifestação.


PM-GO Fuga Blitz Mecânico Jardim Itaipú
P U B L I C I D A D E