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Jales Java Lacerda responde por ameaça e outros crimes; pedido para trancar ação penal foi negado pela 2ª Câmara Criminal

Advogado recita poesia e joga capoeira durante julgamento no TJGO

16/07/2025, às 09:48 · Por Redação

Durante sustentação oral no Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), o advogado Jales Java dos Santos Lacerda Caliman surpreendeu os desembargadores ao recitar poesias e executar movimentos de capoeira enquanto se defendia das acusações de ameaça, desobediência e porte de drogas para uso pessoal. A sessão ocorreu nesta terça-feira, 15, na 2ª Câmara Criminal, onde o advogado representava a si mesmo.

Java Lacerda foi preso após se recusar a usar máscara dentro da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ceres, no interior de Goiás. Ele pediu o trancamento do processo penal e a exclusão de outros 20 registros judiciais do sistema da Corte. A solicitação foi negada.

Durante a sustentação, o advogado, de óculos escuros, afirmou estar sendo perseguido. “Excelência, peço licença para falar com poesia, pois quando a lei é quebrada, a palavra ganha ousadia. Foi prisão de um advogado, sem a OAB estar presente. Rasgaram a lei no ato, de forma mais que evidente”, recitou. Em outro trecho, disse: “Percebi: não era justiça, era perseguição disfarçada”.

Em seguida, ainda na tribuna, fez uma apresentação de capoeira e cantou: “A gente leva rasteira, tem delas que vem para matar. Mas quando a rasteira não mata, aproveite para se levantar”.

A relatora do caso, desembargadora Rozana Camapum, indeferiu os pedidos e afirmou que o “direito ao esquecimento” não permite a exclusão de dados legais e devidamente registrados, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ela ainda afirmou que a prisão foi baseada em flagrante legal e que a ausência de representantes da OAB não invalida o procedimento, conforme já decidido anteriormente.

O debate entre o advogado e a presidente da 2ª Câmara se intensificou após ele declarar que havia sido ameaçado e se sentia intimidado por policiais presentes no tribunal. “Quero que se registre isso apenas para preservar a minha vida e minha integridade física”, afirmou. Rozana reagiu: “Não tem nenhum policial te perseguindo. As pessoas aqui nem te conhecem”.

A magistrada concluiu o julgamento dizendo que as acusações de perseguição eram infundadas. “É ilógico o senhor dizer que esta sessão estaria te perseguindo”, declarou antes de encerrar a sessão.

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), por meio de nota, declarou que não comenta a estratégia de defesa adotada por seus membros, mas que eventuais representações contra o advogado serão analisadas, sob sigilo, pelo Tribunal de Ética e Disciplina. A entidade também reiterou o compromisso com a conduta ética da advocacia.


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