Morre Moacir Faria, artista plástico símbolo da Chapada dos Veadeiros

O artista plástico Moacir Faria, figura emblemática da Vila de São Jorge, na Chapada dos Veadeiros, morreu aos 71 anos. A causa da morte não foi divulgada. Nascido e criado na pequena comunidade localizada no município de Alto Paraíso de Goiás, Moacir construiu uma trajetória artística marcada por autenticidade e conexão com o território onde viveu toda a vida.

Utilizando materiais simples como giz de cera e lápis de cor, Moacir criava desenhos com traços firmes e simbologia singular, que misturavam representações do divino e do profano com elementos da natureza e da experiência humana. Sua produção, classificada por estudiosos como arte bruta, encantava visitantes da região e servia de ponte entre o imaginário local e o olhar dos turistas.

A Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, uma das instituições culturais mais importantes da Chapada, lamentou a perda e destacou o papel de Moacir na formação da identidade visual da região. “Seu legado permanece vivo em cada canto da vila e no coração de quem teve a honra de conhecer sua arte”, afirmou a entidade em nota nas redes sociais.

Moacir era o autor das ilustrações que compõem a identidade visual do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, tradicional evento anual que reúne expressões populares de várias partes do Brasil. Pela colaboração, recebia direitos autorais.

Nascido em meados dos anos 1960, em uma época marcada pelo garimpo, Moacir era filho de Domingos Farias, ex-garimpeiro da região, e de Maria Odúlia. Desde a infância, convivia com limitações físicas e auditivas, o que o levou a encontrar na arte um canal de expressão. Isolado em muitos aspectos, desenvolveu um estilo próprio, que atraiu o olhar de pesquisadores e artistas.

Em 2006, sua trajetória foi retratada no documentário Moacir – Arte Bruta, dirigido pelo cineasta Walter Carvalho. O filme apresenta depoimentos da família e de moradores da vila, revelando a singularidade de um artista cuja obra desafiava explicações convencionais. Carvalho conheceu Moacir por acaso, durante uma visita à Chapada na década de 1990, e se impressionou com a força e o lirismo de seus trabalhos.

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