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Tony Winston - Agência Brasília

Estado registra 7 mil ocorrências até julho; maioria das internações e mortes envolve crianças pequenas e idosos, e baixa vacinação agrava cenário

Casos de síndrome respiratória grave disparam em Goiás

09/07/2025, às 09:47 · Por Redação

O número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) registrados em Goiás nos primeiros seis meses de 2025 já se aproxima de todo o volume contabilizado em 2024. De janeiro até o início de julho, foram 7.069 ocorrências em todo o estado — apenas 400 a menos do que o total registrado ao longo do ano passado. O avanço acelerado preocupa autoridades de saúde e pressiona o sistema hospitalar, especialmente as unidades de terapia intensiva (UTIs).

A Srag compreende quadros respiratórios severos que exigem hospitalização. Entre os principais agentes causadores identificados neste ano estão o vírus sincicial respiratório (1.510 casos), o influenza (1.230), o rinovírus (722) e o coronavírus (315). Ainda assim, 2.379 pacientes não tiveram o agente etiológico identificado.

Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), houve um aumento de 63% nos registros em relação ao mesmo período de 2024, quando 4.325 casos haviam sido confirmados até julho. Também subiu o número de solicitações de internação por Srag, que passou de 8.011 no primeiro semestre do ano passado para 10.676 em 2025.

Crianças com menos de dois anos e idosos acima dos 60 anos respondem por 60% das ocorrências. Entre os 434 óbitos registrados até agora, 285 foram em idosos. Em 2024, o total de mortes foi 820, sendo 478 entre pessoas acima dessa faixa etária.

Ao jornal O Popular, a infectologista Marina Roriz, do Hospital Estadual de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), disse que os extremos etários são os mais vulneráveis. “As crianças ainda têm o sistema imunológico em formação, enquanto os idosos apresentam uma imunidade naturalmente mais enfraquecida”, afirmou. Para ela, o cenário atual se agrava devido à baixa cobertura vacinal. “Neste ano, o aumento é ainda mais acentuado. A adesão insuficiente à vacina contra a gripe é preocupante, porque uma gripe mal cuidada pode evoluir para complicações que exigem internação”, destacou.

Em Goiás, apenas 40% do público-alvo recebeu a vacina contra a influenza. Na capital, o índice é de 43%, bem abaixo dos 95% considerados ideais. “A combinação entre baixa cobertura vacinal, aumento do número de casos e pressão por leitos é extremamente preocupante”, alertou o secretário estadual de Saúde, Rasível dos Reis, ao jornal O Popular. Ele também ressaltou que a alta ocupação hospitalar por Srag afeta a assistência a outras urgências, como AVCs e infartos.

Leitos
Diante da situação crítica, o Governo de Goiás decretou estado de emergência no dia 30 de junho, após constatar sete semanas consecutivas de incidência acima da média. O decreto, com validade de 180 dias, autoriza medidas excepcionais, como a contratação emergencial de pessoal e insumos, além do remanejamento de servidores e ampliação de leitos.

Atualmente, 163 UTIs da rede estadual estão dedicadas exclusivamente ao tratamento da Srag. O Estado solicitou ao Ministério da Saúde apoio financeiro para abrir ou adaptar leitos em 20 unidades. Trinta municípios também encaminharam pedidos, incluindo Goiânia, que pretende realocar UTIs no Hospital e Maternidade Célia Câmara, Hospital das Clínicas, Hospital Ruy Azeredo e Santa Casa de Misericórdia, somando 40 leitos.

Para o secretário Rasível, a população também precisa fazer sua parte. “Vacinar é um ato de cidadania. Quem se protege evita que o sistema entre em colapso e contribui para salvar vidas em toda a comunidade”, reforçou.


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