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Goiânia, 02/07/25
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Competição promovida em Bela Vista de Goiás foi a primeira no Estado a instituir inscrição específica para atletas transgêneros. Entidades divergem opiniões sobre iniciativa

Corrida de rua abre categoria para trans em Goiás e causa polêmica

01/07/2025, às 10:48 · Por Redação

Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), recomendou que a organização de uma corrida de rua promovida no fim de semana em Bela Vista de Goiás criasse uma categoria exclusiva para pessoas transgêneros. A justificativa dada pelo órgão nacional é que a medida garantiria "equilíbrio competitivo" e segue uma normativa internacional que restringe a participação do público em categorias voltadas a atletas cisgêneros.

Promovida pela Bee Sports em celebração aos 129 anos do município situado na Região Metropolitana de Goiânia, no último domingo (29), a corrida foi a primeira a incluir uma categoria específica para atletas transgênero. A decisão ocorre logo após um caso polêmico onde uma corredora foi desclassificada após ficar em 5º lugar na Maratona Internacional de Goiânia, na categoria feminino, por sua identidade de gênero.

 A primeira trans a correr na categoria exclusiva, e única inscrita na competição promovida em Bela Vista de Goiás, foi a personal trainer Janayna Matos, de 36 anos. Ela conta que se inscreveu na categoria feminina, mas recebeu durante a última semana o convite para integrar a primeira categoria para mulheres transgênero.

Entidades ligadas à comunidade LGBTQIAPN+ avaliam como positiva a construção de espaços esportivos à população, mas como parte de um processo amplo que permita, no futuro, a participação sem distinção por identidade de gênero. Há ainda divergências, em que é apontado um processo de segregação.

Conforme a empresa, a atleta foi desqualificada por regras do órgão máximo mundial de atletismo, a World Athletics. Em 2023, a entidade proibiu mulheres trans de participar em competições femininas que tenham "passado pela puberdade masculina".  Seis dias antes da competição, a CBAt respondeu à Federação Goiana de Atletismo (FGAt) e à organização do evento questionamentos feitos a respeito da participação de atletas transgênero na corrida.

Logo depois, foi divulgada a abertura da categoria específica. No comunicado, foi apontado que "não há legislação federal específica que trate de maneira detalhada sobre critérios técnicos de elegibilidade para essas situações". "No entanto, o posicionamento institucional da confederação é de observância obrigatória para federações filiadas e se baseia nas diretrizes da World Athletics."

A confederação cita ainda que "adota uma postura restritiva", seguindo o que foi estabelecido pela World Athletics, diante de um "entendimento da comunidade técnico-científica de que a supressão hormonal, mesmo prolongada, não elimina integralmente as vantagens adquiridas durante a puberdade masculina -- como massa muscular, densidade óssea e capacidade cardiorrespiratória".

"Esta posição visa garantir a isonomia, o equilíbrio competitivo e a proteção das mulheres no esporte, sem qualquer tipo de discriminação pessoal, mas amparada por critérios objetivos de justiça esportiva", complementa.


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