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Goiânia, 27/07/25
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Servidora da UFG Monize Ramos do Nascimento afirma ter sido alvo de perguntas invasivas sobre vida sexual em apuração sobre notas; defesa acionou a CGU

Pesquisadora da UFG denuncia sexismo e perseguição durante processo administrativo

01/07/2025, às 09:44 · Por Redação

Pesquisadora e servidora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Monize Ramos do Nascimento denunciou publicamente ter sido vítima de sexismo e constrangimento durante o processo administrativo disciplinar (PAD) instaurado pela instituição para apurar supostas irregularidades em lançamentos de notas. Segundo ela, a comissão responsável pelo caso fez perguntas de cunho pessoal e sexual que, em sua avaliação, violam sua dignidade e desvirtuam o foco do procedimento.

A denúncia veio à tona nas redes sociais após uma audiência realizada na quinta-feira, 26, quando uma das integrantes da comissão perguntou diretamente: “A senhora já teve algum relacionamento sexual com [um dos professores que concedeu sua aprovação]?”. Em resposta, Monize negou qualquer relação e rebateu: “Uma mulher não pode vencer sozinha, precisa de favor sexual? Eu construí a minha história”.

A servidora afirmou ainda que se sentiu exposta por uma abordagem que, segundo ela, jamais seria feita a um homem. “Se fosse um homem no meu lugar, isso jamais seria perguntado”. A defesa de Monize, representada pelo advogado Sérgio Merola, classificou a condução como “extremamente constrangedora”. “A pergunta insinuava que a aprovação da Monize teria ocorrido por favorecimento sexual. Isso é absolutamente chocante”, disse ao portal Mais Goiás.

Durante a audiência anterior, no dia 23 de junho, outra pergunta semelhante foi feita sobre o orientador de mestrado da servidora. Monize reagiu com indignação: “O processo é sobre lançamento de notas. Vocês chegam aqui hoje e perguntam se eu tenho alguma relação sexual. Me respeitem, que eu não sou esse tipo de mulher”.

Segundo a defesa, a conduta da comissão também se repetiu em relação a outro professor, homossexual assumido, que foi questionado sobre uma suposta relação sexual com a servidora. “Esse tipo de pergunta não tem qualquer conexão com o objeto do processo”, afirmou Merola.

O advogado ainda apontou que a comissão teria ignorado os méritos acadêmicos de Monize, que possui doutorado pela Universidade de Brasília (UnB) e histórico de aprovações em concursos. “A avaliação foi superficial. Não houve análise técnica dos trabalhos nem das avaliações feitas por seus pares”, disse.

A defesa também relatou que o termo de indiciação foi emitido poucas horas após o término da audiência, contrariando o manual da Controladoria-Geral da União (CGU), que orienta a elaboração do relatório com base em todos os elementos reunidos no processo, tanto favoráveis quanto contrários.

Diante das denúncias, a equipe jurídica protocolou reclamação na ouvidoria da CGU, solicitando investigação sobre possíveis violações na condução do PAD. “A comissão não é livre. Deve seguir a lei. Estamos pedindo apuração rigorosa”, disse Merola.

Em nota, a UFG informou que os procedimentos da Comissão de Processos Administrativos (CPDA) seguem sigilo legal e que todas as providências estão sendo adotadas conforme a legislação. A universidade afirmou ainda que a Ouvidoria da instituição está apta a receber denúncias de assédio moral e sexual, preservando o anonimato dos envolvidos.

Em carta aberta, Monize afirmou que decidiu tornar o caso público após anos de sofrimento. “Peço socorro. Peço justiça. Não posso mais suportar calada a dor de ser sistematicamente deslegitimada. Quantas outras mulheres já foram ou estão sendo tratadas assim dentro da nossa universidade?”, questionou.


UFG Sevidora Monize Ramos do Nascimento Goiás,
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