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Goiânia, 28/11/25
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Volume de água nas bacias dos rios Tocantins e Araguaia caiu de 1.415,4 m³/s para 924,36 m³/s entre 1980 e 2020

Vazão de rios do Cerrado recua 35% em quatro décadas, aponta estudo

24/06/2025, às 10:14 · Por Redação

A vazão mínima de segurança nas bacias hidrográficas dos rios Tocantins e Araguaia, no Cerrado goiano, sofreu queda de 35% nos últimos 40 anos. É o que mostra o estudo “Cerrado — o elo sagrado das águas do Brasil”, divulgado nesta segunda-feira (23) pela Ambiental Media, com base em dados da Agência Nacional de Águas (ANA) e da plataforma MapBiomas.

Entre 1980 e 2020, o volume mínimo registrado em 90% dos dias nos rios dessas bacias (índice Q90) caiu de 1.415,4 m³/s para 924,36 m³/s — uma redução de 491,04 m³/s, o equivalente a mais de 11 piscinas olímpicas por minuto. Em um dia, o volume perdido chega a 42,4 milhões de metros cúbicos, suficiente para abastecer toda a população brasileira por 24 horas.

De acordo com o coordenador científico da pesquisa, o geógrafo Yuri Salmona, o Cerrado está “secando praticamente como um todo”. Ele afirmou ao jornal O Popular que, na Bacia do Tocantins, a redução de vazão foi impactada por uma queda de 22% nas chuvas e aumento de 7,8% na evapotranspiração, além da expansão da área de soja irrigada, que cresceu 13.765% no período. Já na Bacia do Araguaia, a área de soja aumentou 1.758%.

No conjunto das seis bacias do Cerrado (Tocantins, Araguaia, São Francisco, Parnaíba, Paraná e Taquari), a perda de água foi de 27%, ou cerca de 1.300 m³/s — o que corresponde a 30 piscinas olímpicas por minuto.

O estudo alerta para a redução do período chuvoso, que ficou 56 dias mais curto, e para a queda na pluviosidade média superior a 20%. Também destaca o aumento da evapotranspiração, influenciado pelo aquecimento da atmosfera, o que reduz a infiltração no solo e impacta diretamente a vazão dos rios.

Para reverter o cenário, o relatório defende a aplicação efetiva do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), que prevê restaurar 12 milhões de hectares entre 2025 e 2028. Também propõe a definição de áreas prioritárias para conservação hídrica e maior controle sobre outorgas de irrigação.

A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) de Goiás afirmou ao jornal O Popular que ainda não analisou o estudo, mas informou que adota políticas públicas voltadas à preservação hídrica, como o pagamento por serviços ambientais, programas de recuperação de áreas degradadas e modernização da rede de monitoramento.


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