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Goiânia, 02/07/25
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Entre os monitorados está o deputado federal por Goiás Gustavo Gayer

PF aponta espionagem ilegal da Abin durante governo Bolsonaro e inclui goiano na lista de monitorados

20/06/2025, às 08:21 · Por Redação

A Polícia Federal identificou que a chamada “Abin Paralela”, estrutura informal de monitoramento montada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), espionou ilegalmente cerca de 1,8 mil celulares entre fevereiro de 2019 e abril de 2021. A informação consta de relatório tornado público nesta semana após o Supremo Tribunal Federal (STF) retirar o sigilo do material. Entre os monitorados está o deputado federal por Goiás Gustavo Gayer (PL), um dos principais aliados de Bolsonaro.

A inclusão do nome do parlamentar na lista levantou dúvidas sobre possível desconfiança interna no grupo político. Além dele, outros nomes próximos do ex-presidente, como o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e sua esposa, Analine Castro, também aparecem entre os alvos. A apuração da PF revelou que o sistema de espionagem funcionava com base em vulnerabilidades das redes de telefonia 2G e 3G. O equipamento utilizado foi adquirido por R$ 5,7 milhões, sem licitação.

A prática ocorreu no período em que Alexandre Ramagem, hoje deputado federal e próximo da família Bolsonaro, comandava oficialmente a Abin. Figuras públicas de diferentes espectros políticos constam na lista de monitorados. Estão entre eles os ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso; os senadores Renan Calheiros (MDB) e Omar Aziz (PSD); os deputados Kim Kataguiri (União) e Evair Vieira de Melo (PP); e o então deputado João Campos (PSB), hoje prefeito do Recife.

Também foram identificadas espionagens a jornalistas e a ex-parlamentares. Rodrigo Maia, presidente da Câmara à época, e Joice Hasselmann, ex-deputada federal, tiveram suas localizações rastreadas e foram seguidos fisicamente, segundo a investigação. A PF aponta que as ações ocorreram à margem da estrutura institucional da Abin, com o uso de ferramentas que permitem acesso irrestrito à movimentação de pessoas por meio da localização de seus celulares, sem autorização judicial.

O relatório se tornou público após decisão do ministro Alexandre de Moraes. O conteúdo deve embasar novas fases da investigação, que também apura a participação direta de Carlos Bolsonaro na coordenação do esquema. O vereador é apontado como integrante da cadeia de comando da estrutura que operava paralelamente à inteligência oficial do Estado. A expectativa é de que o Ministério Público Federal apresente denúncia formal contra os envolvidos nas próximas semanas. O caso está sob relatoria de Moraes no STF.


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