Matérias
Reprodução - Metrópoles
Jair Bolsonaro apontou perseguição e mencionou possível ausência nas eleições de 2026; agenda teve redução por problemas de saúde
Bolsonaro fala em “covardia” e pede persistência a apoiadores durante visita a Goiânia
20/06/2025, às 08:12 · Por Redação
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a afirmar que é alvo de perseguição política e sugeriu que poderá ficar impedido de disputar as eleições de 2026. Em discurso realizado na manhã de quinta-feira, 19, durante visita à feira Agrovem, em Goiânia, Bolsonaro classificou como “covardia” eventual medida que o afaste da vida pública.
“Devemos continuar batalhando. Se alguma covardia acontecer comigo, continuem lutando, porque tenho certeza que, brevemente, nós mudaremos o destino do Brasil”, declarou. O ex-presidente também afirmou que “não vai desistir” e insistiu que é alvo de retaliações por conta de sua atuação no governo. “Duvido que alguém já viu um político ser mais perseguido do que eu aqui no Brasil. Perseguido porque fiz a coisa certa.”
Durante o primeiro dia de compromissos em Goiás, Bolsonaro ainda participou de culto na igreja Assembleia de Deus - Ministério Fama, voltado a adolescentes, e esteve na Câmara de Aparecida de Goiânia, onde recebeu o título de cidadão aparecidense. A agenda foi reduzida após o ex-presidente apresentar indisposição. “Desculpem aí, porque eu estou muito mal. Eu vomito dez vezes por dia”, afirmou em discurso breve na Câmara.
Para esta sexta-feira, 20, estão previstos encontros com apoiadores em um frigorífico no Setor Sul de Goiânia e uma consulta médica no Setor Marista. Bolsonaro também pode participar de evento com o prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (PL), antes do retorno a Brasília.
Réu por incitação à tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A denúncia foi aceita pelo STF em março, após representação de 79 procuradores. A acusação é de que o ex-presidente cometeu crime de incitação previsto no artigo 286 do Código Penal. A pena pode chegar a seis meses de prisão e multa.
No discurso feito na Agrovem, Bolsonaro criticou a investigação. “Desistir não está no nosso vocabulário. Nós temos que lutar. Sou perseguido porque tinha boas pessoas do meu lado. Nós não deixamos a imundície e a corrupção entrarem no governo. Agora ficaram com essa fumaça do golpe. Eu estava na Disneylândia no dia 8 de janeiro”.
As investigações indicam que a articulação para o golpe teria começado ainda durante o governo anterior. O STF já ouviu os denunciados e a PGR e as defesas devem apresentar as alegações finais nas próximas semanas. O julgamento pode ocorrer entre agosto e setembro. Bolsonaro está inelegível desde junho de 2023, após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenou por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em reunião com embaixadores em 2022.
Durante discurso na Câmara de Aparecida, o ex-presidente voltou a mencionar suposta interferência externa nas eleições. “Hoje, eu não vou falar o que é o sistema aqui, mas a gente sabe que existe o sistema e existe também uma força oculta que, o tempo todo, interfere para que esse não seja candidato e para que a vida daquele outro seja facilitada.”
Ele também alegou tentativa de censura por parte do governo federal. “Vocês acompanham agora o trabalho do atual governo para nos censurar. Ele vai dizer o que você pode ou não pode falar nas redes sociais”, afirmou.
Bolsonaro não comentou o relatório da Polícia Federal sobre o caso da chamada “Abin paralela”, divulgado na quarta-feira, 18. O documento aponta o ex-presidente como principal beneficiário de ações clandestinas na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e teve o sigilo retirado pelo ministro Alexandre de Moraes.
Política Bolsonaro Goiânia Goiás,