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Número de evangélicos supera média nacional e avança entre jovens; católicos seguem maioria, mas em queda
Número de evangélicos cresce em Goiás e já representa um terço da população
07/06/2025, às 08:30 · Por Redação
O número de evangélicos em Goiás teve um salto nas últimas duas décadas, passando de 19,5% da população em 2000 para 32,6% em 2022, segundo dados do Censo divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estado ultrapassa a média nacional, de 26,9%, e tem Goiânia como a 7ª capital com maior proporção de fiéis dessa vertente religiosa: 33,9%.
Apesar da ascensão evangélica, os católicos ainda são maioria, com 51,9% da população, embora tenham perdido espaço desde 2000, quando representavam 68,5%. Em Trindade, cidade símbolo do catolicismo em Goiás, o índice caiu de 61,2% (2010) para 47,7% (2022).
Conforme o professor Luiz Signates, docente da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), disse ao jornal O Popular, o crescimento evangélico está ligado à proliferação de templos e à teologia da prosperidade. “Em um país desigual como o Brasil, a promessa de retorno material oferecida pelas igrejas neopentecostais atrai principalmente as camadas mais pobres”, analisa.
Dados do IBGE mostram que 56,1% dos evangélicos goianos têm até 39 anos, enquanto entre os católicos, a maioria (51,1%) tem mais de 40. O pastor Fernando Albuquerque, da Family Church — igreja que saiu de 500 para mais de 12 mil membros em quatro anos —, diz que a proposta jovem, com cultos no estilo ‘worship’, tem gerado impacto. “Cada culto é como se fosse um evento”, resume.
O apóstolo César Augusto, fundador da Fonte da Vida, que reúne até 500 mil fiéis em Goiás, afirma que a imagem do evangélico mudou. “Hoje, temos empresários, pessoas bem-sucedidas. Influenciamos”, declara. Para ele, o número real de evangélicos é maior do que o apontado pelo IBGE.
Além do avanço evangélico, o Censo apontou crescimento das religiões de matriz africana, que passaram de 0,1% para 0,5% em Goiás — e 0,7% em Goiânia. Signates atribui esse aumento à valorização das religiões negras e ao combate ao racismo. “A intolerância religiosa começa a ser percebida como preconceito, o que gera retração desse tipo de discurso”, explica.
O número de pessoas sem religião também subiu: de 7,8% para 8,4% no estado, embora tenha caído em Goiânia. Já Palmelo, no sudeste goiano, se destacou como a cidade com maior proporção de espíritas do Brasil — 42,6% da população. Fundada por espíritas em torno do centro Luz da Verdade, a cidade mantém o espiritismo como principal atividade religiosa e econômica.
Entre os espíritas, 42,8% têm ensino superior, a maior taxa entre os grupos religiosos do estado. “O espiritismo kardecista, desde o início, esteve associado à elite escolarizada”, afirma Signates.
Evangélicos Número IBGE Crescimento Goiás,