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A troca de empresas é saída pensada pelo governador para melhorar o desempenho na distribuição de energia elétrica em Goiás

Caiado irá a Bolsonaro para forçar que Enel venda distribuição

15/01/2020, às 15:30 · Por Pedro Lopes

Em reunião sobre a distribuição de energia no Estado, no Palácio Pedro Ludovico, os executivos do grupo Enel foram surpreendidos  com sugestão do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM).

Ele sugeriu que a multinacional italiana venda a concessionária goiana para outra empresa privada. E ainda afirmou que a portuguesa EDP, que atua em São Paulo e no Espírito Santo, teria demonstrado interesse por assumir a antiga Celg, que foi privatizada no governo de Marconi Perillo (PSDB).

A troca de empresas é saída divulgada pelo governador para que o desempenho da distribuição melhore. No entanto, é uma decisão que cabe à Enel, que já na reunião manifestou que não tem interesse em vender o ativo. Mas o governo trata a ideia como possibilidade viável para por fim ao embate que trava com a distribuidora desde o início do mandato. Caso contrário, deve seguir com pressão sobre a Enel Distribuição Goiás. “É sempre a mesma tese, de que estão investindo mais, que vão melhorar, que as coisas vão acontecer. A população não confia mais naquilo que eles assinam e naquilo que eles dizem”, afirmou em coletiva à imprensa ao citar piora dos indicadores de qualidade nos meses de outubro e novembro, que é período chuvoso no Estado.

Sobre outra empresa assumir a distribuidora, o governador defendeu que o processo é comum no Brasil e para exemplificar citou que a própria Enel comprou a Eletropaulo em 2018. A italiana desembolsou R$ 5,5 bilhões pela concessionária paulista. Segundo o secretário de Desenvolvimento e Inovação, Adriano Rocha Lima, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) teria sinalizado que é um movimento comum. A agência foi representada pelo diretor Rodrigo Limp na reunião, em que estavam também o secretário e parlamentares.

EDP

O possível interesse da EDP foi manifestado após aproximação do governo com representantes do setor elétrico, de acordo com Adriano. “Eles já sabiam da notícia sobre o desempenho da Enel, que não é novidade, e se manifestaram.” O interesse pelo ativo foi tema de conversa, por telefone, entre o governador e o presidente da empresa, que teria confirmado a intenção desde que a Enel se disponha a vender e a Aneel não coloque obstáculos. Procurada pela reportagem, a EDP informou que “relativamente às notícias veiculadas sobre a prestação de serviços de energia elétrica em Goiás, a companhia faz votos para que esta se consolide”. Informou ainda que, no ano passado, investiu mais de R$ 2,5 bilhões em distribuição e transmissão, que “constituem focos prioritários de investimento no Brasil”.

“A Aneel já se manifestou favorável. Agora é ver como vai ser. Talvez a Enel precise de dias para processar o pedido de conciliação para dar posição oficial”, reforça o secretário. Ele opina que a proposta vai evitar que continue o desgaste e batalhas judiciais. Cita projeto de lei pela anulação da concessão que está na Assembleia Legislativa, os trabalhos realizados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e multa aplicada pelo Procon Goiás. “É um caminho mais limpo”, sugere sobre a venda.

Para tentar viabilizar essa negociação sugerida, Caiado diz que terá audiência com o ministro de Minas e Energia e irá até o presidente da República para “dar uma celeridade para esse tipo de entendimento”. Em reposta, a Enel informou que “reafirma o seu compromisso com o Estado e com os clientes goianos desde que assumiu a gestão da Celg em 2017, e continuará dedicando todos os seus esforços para garantir a confiabilidade do serviço no Estado”. 


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