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Goiânia, 02/07/25
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Agente penitenciário Eduardo Barbosa dos Santos foi assassinado em 2 de janeiro de 2018 no Setor Bougainville, em Anápolis

Condenados assassinos de agente penitenciário morto em emboscada em Anápolis

31/05/2025, às 13:46 · Por Redação

Dois dos envolvidos no assassinato do vigilante penitenciário Eduardo Barbosa dos Santos, de 34 anos, foram condenados por júri popular. Wellington dos Santos Fernandes Miranda, conhecido como “Satanás”, foi sentenciado a 23 anos e 9 meses de reclusão. Já Anderson Diogo da Silva, apontado como financiador do crime, recebeu pena de 18 anos e 8 meses. A decisão foi proferida na última quarta-feira, 28, no Fórum de Anápolis, sob presidência da juíza Nathália Bueno Arantes da Costa.

O caso, investigado pelo Grupo de Investigações de Homicídios (GIH), chocou o estado pela brutalidade e pela motivação: uma represália ao trabalho de Eduardo, que havia participado de uma operação de revista no presídio de Anápolis na noite anterior ao crime. A ofensiva resultou na apreensão de celulares, drogas e outros itens proibidos.

Segundo a investigação, a escolha da vítima foi aleatória. Inicialmente, a ordem vinda da Ala C do presídio seria para executar dois policiais militares, mas, diante da dificuldade, os criminosos decidiram que o primeiro agente que saísse do plantão naquela manhã seria o alvo. Eduardo havia acabado de encerrar seu turno quando foi emboscado e morto com cerca de 30 disparos de pistola 9mm, no setor Bougainville, por volta das 9h do dia 2 de janeiro de 2018.

A Justiça reconheceu quatro qualificadoras contra Wellington: motivo torpe, homicídio mediante pagamento ou promessa de recompensa, uso de recurso que impediu a defesa da vítima e perigo comum — quando a ação representa risco a outras pessoas. “Frise-se, ademais, que o réu Wellington dos Santos Fernandes Miranda é portador de maus antecedentes, o que demonstra o risco de reiteração delitiva e o descompromisso social, sendo sua prisão imperiosa para garantia da ordem pública”, destacou a magistrada na sentença.

Apesar do histórico criminal, a pena de Wellington foi atenuada por ele ter menos de 21 anos à época dos fatos. Já Anderson Diogo, sem antecedentes, teve reconhecidas duas qualificadoras: uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima e perigo comum. Dois outros acusados que também foram levados a julgamento nesta semana acabaram absolvidos.

Crime encomendado
De acordo com o inquérito, o mandante do assassinato foi Wanderson Rithiele Assis Santana, o “Bola”, então líder da Ala C, que cumpre pena por duplo homicídio. Ele teria orquestrado o crime de dentro da prisão como retaliação à intensificação da fiscalização nas celas. Outros oito envolvidos foram indiciados, entre eles Klayton Carvalho, morto posteriormente em confronto com a polícia.

As investigações apontam que Anderson Diogo teria oferecido R$ 20 mil a Wellington para executar o crime. A ideia inicial era assassinar dois policiais dentro de uma viatura, depois agentes da escolta. Com as dificuldades logísticas, decidiram mirar o primeiro servidor que saísse do presídio.

Horas depois do assassinato de Eduardo, outro agente, Ednaldo Monteiro, foi morto em circunstâncias semelhantes. Ex-supervisor de segurança do presídio, ele havia sido preso na segunda fase da Operação Regalia, que investigava o pagamento de propinas a servidores. O caso também foi investigado em paralelo.

Para elucidar os dois homicídios, foi montada uma força-tarefa com sete delegados e apoio do Ministério Público, que já atuava na Operação Regalia. As prisões dos envolvidos provocaram um impacto imediato na criminalidade em Anápolis: os homicídios, que somaram 22 em janeiro, caíram para 9 em fevereiro, segundo a Polícia Civil.


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