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Goiânia, 02/07/25
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Advogada relata caso de cliente que queria regulamentar guarda de boneca após separação; profissionais alertam para questões de saúde mental por trás da tendência

Assessora do TJ-GO sugere licença psiquiátrica a quem pedir licença-maternidade para bebê reborn

20/05/2025, às 09:45 · Por Redação

A crescente popularidade dos bebês reborn — bonecos hiper-realistas que imitam bebês humanos com riqueza de detalhes — tem ultrapassado os limites do afeto lúdico e acendido alertas no sistema judiciário. Em Goiás, a assessora jurídica do Tribunal de Justiça (TJ-GO), Mariana Dias, publicou nas redes sociais um vídeo em que ironiza, mas também alerta, sobre pedidos de licença maternidade para cuidar de um boneco reborn.

“Sim, você, mamãe de bebê reborn, busque o seu direito, busque a sua licença, o seu afastamento junto a um psiquiatra”, afirmou Mariana, que se apresenta como especialista em Direito Civil e Tributário. Ela acrescenta que quando a pessoa “passa a acreditar que aquilo [o boneco] é um ser vivo, uma criança que adoece, você de fato está adoecida e precisa de ajuda”.

A publicação ganhou repercussão diante de relatos cada vez mais frequentes de pessoas tentando incluir os bonecos em situações jurídicas típicas de crianças reais — como o uso de filas preferenciais, vagas especiais e até ações judiciais envolvendo guarda e convivência.

Um caso emblemático veio da advogada e influenciadora digital Suzana Ferreira, que também atua em Goiânia. Em uma publicação no Instagram, ela relatou o atendimento de uma cliente que buscava regulamentar judicialmente a guarda de uma boneca reborn após o fim de um relacionamento. A mulher desejava impedir que a ex-companheira tivesse acesso à “filha reborn”, que havia sido comprada enquanto o casal ainda estava junto.

Segundo Suzana, a disputa envolvia também a divisão dos custos da boneca — que, segundo ela, “são muito caros” — e do enxoval, além da administração conjunta do perfil da boneca nas redes sociais, que já estaria monetizando. “Não é meme, pessoal”, escreveu a advogada, acrescentando que “a loucura da sociedade impacta diretamente na nossa profissão”.

Suzana chegou a alertar, dias antes, que seu escritório não atua com demandas relacionadas a bebês reborn e orientou que questões como guarda, pensão ou visitas envolvendo bonecos devem ser tratadas com psicólogos e não com advogados.

O episódio reforça um debate cada vez mais presente sobre os limites do afeto projetado em objetos e os impactos disso na saúde mental. Embora o uso dos bebês reborn possa ter função terapêutica para algumas pessoas — como em casos de luto ou depressão —, especialistas alertam que, quando há confusão entre ficção e realidade, o quadro pode exigir acompanhamento profissional.


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