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Goiânia, 02/07/25
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Divulgação/UOL

Bolsonaro está afundado na cova que o próprio cavou. “Tudo que você faz um dia volta pra você” é o que diz a Boomerang Blues composta por Renato Russo

Coluna do Pablo Kossa: Só a angústia acompanha Bolsonaro

16/05/2025, às 14:49 · Por Pablo Kossa

Angústia. Esse é o sentimento preponderante que se percebe em cada fala de Jair Bolsonaro. Na última quarta-feira, 14, o ex-presidente concedeu uma longa entrevista aos jornalistas Carla Araújo e Josias de Souza do UOL. Ao observar o teor das respostas, o açodamento em puxar certos assuntos e a linguagem corporal fica claro que os dias dele não estão fáceis.

Bolsonaro é experiente em conceder entrevistas. Figura pública habituada à mídia desde a década de 1980, não dá para alegar nervosismo de principiante por um desempenho tão titubeante. Esse comportamento é fruto do contexto que vive.

Ele sabe que o tempo fechou e seu futuro não é alvissareiro.

Dificilmente escapará de uma condenação que terá como consequência sentença de regime fechado de longos anos. As provas de seu comportamento golpista são mais fartas que pequi em Goiás. Claro que ele pode se meter numa embaixada e negociar um salvo-conduto que garanta vida livre no estrangeiro. Mas, convenhamos, não é exatamente um fim político grandioso, né...

Além disso, pululam na direita nomes para sucedê-lo na liderança deste espectro ideológico. Tarcísio de Freitas é o preferido do mercado financeiro e da parte da imprensa ainda órfã da Lava Jato. Ronaldo Caiado colocou seu bloco na rua e roda o país tentando ampliar sua taxa de conhecimento perante o eleitorado. Eduardo Leite, Romeu Zema e Ratinho Júnior partem de unidades da federação de peso na União. Todos estes recebendo mensagens de Michel Temer, que age como um articulador.

Se não bastasse a disputa entre os governadores, dentre os que compartilham seu sobrenome o interesse pelo espólio também é grande. Michelle, Flávio e Eduardo não negariam a benção do patriarca para tocar adiante o bolsonarismo. Cada um com pontos fortes e frágeis. Cada um com seu plano B eleitoral caso seja preterido.

Entendeu a razão da postura tão defensiva na entrevista ao UOL? Bolsonaro está encantoado, fragilizado, vendo seu ocaso político incontornável cada vez mais próximo. E não há nada que possa fazer para escapar de seu destino certo.

Ele está afundado na cova que o próprio cavou. “Tudo que você faz um dia volta pra você” é o que diz a Boomerang Blues composta por Renato Russo. O ex-presidente sofre isso na pele. E a culpa é só dele mesmo.


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