Matérias
Divulgação
O casal vive um impasse sobre questões de convivência, divisão de custos e administração de um perfil no Instagram dedicado à ela
Casal trava batalha por ‘guarda’ de bebê reborn em Goiânia: 'apego emocional'
16/05/2025, às 11:53 · Por Redação
Um casal de Goiânia procurou uma advogada para administrar
uma guarda no mínimo curiosa: a guarda de um "bebê reborn", modelo
hiper-realista que imita recém-nascidos. A advogada Suzana Ferreira foi quem
revelou o caso. As bonecas reborn podem custar de R$ 3 mil a R$ 10 mil. São
usadas para fins terapêuticos ou como forma de lembrança de filhos falecidos. Nos
últimos dias ema enxurrada de vídeos retratam como os brasileiros estão optando
por estes modelos.
A cliente afirmou ter criado ''apego emocional'' e disse que
ela e o ex ''constituíram família'' com a boneca. A profissional da advocacia
contou sobre o caso inusitado na segunda-feira. Surpresa com a situação, ela
gravou e postou um vídeo com o relato nas redes sociais - que já atingiu quase
três milhões de visualizações.
O casal vive um impasse sobre questões de convivência,
divisão de custos e administração de um perfil no Instagram dedicado à ela.
''Fui procurada por uma 'mãe' para regulamentar a situação do bebê reborn dela,
porque a boneca faz parte da família dela. Só que o relacionamento não deu
certo e a outra parte insiste em conviver com a bebê pelo apego emocional'',
compartilhou a advogada.
Em entrevista ao Portal UOL, Suzana se recusou a entrar no
caso e cliente a acusou de ''intolerância materna''. A advogada contou que a
mulher alegou haver um preconceito porque ''a família dela não era o que a
sociedade exigia que fosse''. ''Foi um atendimento muito conturbado'', falou.
A mulher quer que o
ex-marido arque com metade dos custos, já que a boneca foi comprada por um
''valor muito alto''. Conforme relatou para a advogada, um enxoval também foi
feito para a bebê. E, como tudo teria sido pago pela "mãe",
argumentou que achava ''justo'' que houvesse uma divisão nos custos mesmo após
a separação.
Ex-casal também disputa um perfil no Instagram com mais de
100 mil seguidores. Usado para postar fotos da boneca, a conta está crescendo
em número de audiência, já dá retorno financeiro e tem até contratos de publicidade.
''Então, como que ficaria a questão da administração do perfil se não fosse
resolvido a 'guarda' da reborn? Quem tem a 'guarda' para poder administrar esse
Instagram?'', questiona a advogada.
A advogada, então, decidiu entrar com um processo em relação
ao gerenciamento do perfil do Instagram. ''Juridicamente, não tem como
regulamentar a guarda de uma boneca, que é um objeto. Tentei explicar que não
era uma questão da vara da família, mas fiquei pensando a respeito da rede
social, que é um ativo digital'', explicou.
Quem ficar com o perfil, deverá ter a posse da boneca para a
produção de conteúdo. No entendimento da advogada, a nota fiscal deve ser o
ponto inicial da discussão jurídica. O comprovativo estaria no nome da cliente,
que pagou integralmente pela reborn, e teria o direito de permanecer com ela.
Questionada sobre a semelhança com o caso de guarda
compartilhada de pets, Suzana afastou a possibilidade. ''As ações de animais
foram mais viáveis e aceitas pelo Judiciário por ser um ser vivo, existe um
vínculo de conectividade. Agora, não existe base legal para falar sobre guarda
de objeto. Não tenho ideia de como o judiciário vai receber essa demanda.
''O casal deve encarar uma briga no âmbito cível para a
partilha de patrimônio, incluindo a boneca e o perfil. Caso as partes não
entrem em um acordo, a Justiça deve avaliar a situação como uma partilha de
bens dependendo do regime de casamento firmado entre eles. ''Será uma questão
nova para o Poder Judiciário também, mas que se resolverá em analogia a partilha
patrimonial'', compreende a profissional.
Bebê reborn