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Goiânia, 03/05/25
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Foto: Cassio de Souza e Silva

O INSS não tem capacidade técnica para a correta manutenção do espaço que tem vocação para a Cultura

Coluna do Pablo Kossa: Grande Hotel não pode ter mera função burocrática

30/04/2025, às 16:29 · Por Pablo Kossa

Coitado do Grande Hotel. Espaço icônico da história goianiense que agora está fadado a se transformar em um arquivo morto de papeladas do INSS.

Erro da Prefeitura de Goiânia. Erro do Governo Federal. Erro de todos que moramos na capital e deixamos a coisa chegar a esse ponto.

A situação jurídica do prédio estava sendo empurrada com a barriga há décadas. O órgão federal nunca teve interesse real na posse do imóvel. Só é dono por tê-lo recebido como pagamento de dívidas. E como não o queria, não sabia o que fazer com ele. A demolição foi cogitada. Não foi ao chão devido a mobilização das entidades culturais que pressionaram o poder público pelo correto tombamento daquele patrimônio da arquitetura art déco.

O INSS não tem capacidade técnica para a correta manutenção do espaço que tem vocação para a Cultura. A Prefeitura então começou a usá-lo numa espécie de acordo de cavalheiros. Anos depois foi firmado um convênio para que o munícipio levasse adiante as atividades no prédio. O convênio venceu, não foi renovado e a posse do prédio caiu num limbo.

A superintendência do INSS só foi à Justiça reclamando a posse por medo do gestor responder na pessoa física por um possível mau uso do município da construção. Insisto: a Seguridade Social não tem interesse algum no prédio. A Justiça reiterou o óbvio: o prédio é do INSS e se a Prefeitura quiser continuar no uso, precisa regularizar sua posse. Gestões se passaram frente à Secult municipal e nada foi resolvido.

Faltou aquela famigerada vontade política pra resolver o imbróglio.

Agora parece que Inês está morta. A Prefeitura diz que vai devolver o prédio por falta de um plano de ocupação. Não por isso. O espaço já foi testado e aprovado pelo goianiense como centro de formação artística e de eventos de rua. O sucesso do Grande Hotel Revive o Choro, o popular Chorinho das sextas-feiras, é prova disso. A Avenida Goiás ficava lotada de famílias se divertindo, ouvindo música e ocupando o Setor Central. Atividade linda que deveria ser retomada assim que o período da seca tenha início.

Este é o plano de ocupação. 

Mas não quiseram. E agora a memória goianiense sofre com a incerteza da destinação daquele simbólico prédio. Que lástima!

Ainda há tempo de uma prudente correção de rota. Que o prefeito Sandro Mabel tenha sensibilidade. Seria muito ruim pra sua biografia contar com tamanha mácula.


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