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Foto: Cassio de Souza e Silva
O INSS não tem capacidade técnica para a correta manutenção do espaço que tem vocação para a Cultura
Coluna do Pablo Kossa: Grande Hotel não pode ter mera função burocrática
30/04/2025, às 16:29 · Por Pablo Kossa
Coitado do Grande Hotel. Espaço icônico da história goianiense que agora está fadado a se transformar em um arquivo morto de papeladas do INSS.
Erro da Prefeitura de Goiânia. Erro do Governo Federal. Erro
de todos que moramos na capital e deixamos a coisa chegar a esse ponto.
A situação jurídica do prédio estava sendo empurrada com a
barriga há décadas. O órgão federal nunca teve interesse real na posse do
imóvel. Só é dono por tê-lo recebido como pagamento de dívidas. E como não o
queria, não sabia o que fazer com ele. A demolição foi cogitada. Não foi ao
chão devido a mobilização das entidades culturais que pressionaram o poder
público pelo correto tombamento daquele patrimônio da arquitetura art déco.
O INSS não tem capacidade técnica para a correta manutenção
do espaço que tem vocação para a Cultura. A Prefeitura então começou a usá-lo
numa espécie de acordo de cavalheiros. Anos depois foi firmado um convênio para
que o munícipio levasse adiante as atividades no prédio. O convênio venceu, não
foi renovado e a posse do prédio caiu num limbo.
A superintendência do INSS só foi à Justiça reclamando a
posse por medo do gestor responder na pessoa física por um possível mau uso do
município da construção. Insisto: a Seguridade Social não tem interesse algum
no prédio. A Justiça reiterou o óbvio: o prédio é do INSS e se a Prefeitura
quiser continuar no uso, precisa regularizar sua posse. Gestões se passaram
frente à Secult municipal e nada foi resolvido.
Faltou aquela famigerada vontade política pra resolver o
imbróglio.
Agora parece que Inês está morta. A Prefeitura diz que vai
devolver o prédio por falta de um plano de ocupação. Não por isso. O espaço já
foi testado e aprovado pelo goianiense como centro de formação artística e de
eventos de rua. O sucesso do Grande Hotel Revive o Choro, o popular Chorinho
das sextas-feiras, é prova disso. A Avenida Goiás ficava lotada de famílias se
divertindo, ouvindo música e ocupando o Setor Central. Atividade linda que
deveria ser retomada assim que o período da seca tenha início.
Este é o plano de ocupação.
Mas não quiseram. E agora a memória goianiense sofre com a
incerteza da destinação daquele simbólico prédio. Que lástima!
Ainda há tempo de uma prudente correção de rota. Que o
prefeito Sandro Mabel tenha sensibilidade. Seria muito ruim pra sua biografia
contar com tamanha mácula.
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