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Goiânia, 01/07/25
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Grande Hotel será devolvido ao INSS após decisão judicial e Prefeitura de Goiânia confirma desocupação

Grande Hotel será devolvido ao INSS após decisão judicial e Prefeitura de Goiânia confirma desocupação

30/04/2025, às 11:28 · Por Redação

O emblemático Grande Hotel, localizado na esquina da Avenida Goiás com a Rua 3, no Centro de Goiânia, será oficialmente devolvido ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), proprietário legal do imóvel desde os anos 1970. A Prefeitura de Goiânia informou que não vai recorrer da decisão de reintegração de posse concedida pela Justiça na última sexta-feira, 25, e irá desocupar o prédio até o fim de maio.

O edifício, tombado como patrimônio histórico nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), abrigava até recentemente atividades da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), que usava o espaço para aulas da Rede Municipal de Núcleos Musicais. Desde março, essas atividades foram transferidas para a sede da Orquestra Sinfônica de Goiânia, no Parthenon Center, também no Setor Central, deixando o Grande Hotel fechado e sem utilização.

A decisão de não recorrer foi confirmada pelo procurador-geral do município, Wandir Allan, à coluna Giro, do jornal O Popular. Segundo ele, só haveria justificativa para contestar a decisão judicial se houvesse um projeto claro de reocupação do espaço por parte da Secult, o que não ocorreu. A secretaria reafirmou que “realizará a desocupação do local dentro do prazo estipulado pela Justiça”.

De acordo com nota do Paço Municipal, “o interesse da gestão é garantir a restauração e a preservação das características do imóvel, para que ele volte a ser uma referência do estilo art déco no Centro de Goiânia, que deve ser mantido pelo INSS”. No entanto, o instituto federal ainda não se pronunciou oficialmente sobre o destino do prédio.

Na gestão anterior, o Grande Hotel fazia parte do Projeto Centraliza, voltado à revitalização do Centro da cidade. Havia, à época, o plano de adquirir o imóvel do INSS mediante um encontro de contas com débitos entre as duas esferas — federal e municipal. O espaço seria restaurado e abrigaria definitivamente a Secult. A atual administração, contudo, não deu continuidade à proposta nem apresentou novo plano para o uso do prédio.

O interesse do município agora se volta para outro imóvel histórico do Centro: o prédio do Jóquei Clube, também na Rua 3, que está desativado desde os anos 2010. O prefeito Sandro Mabel (UB) anunciou nesta segunda-feira (28) um decreto de desapropriação da sede do clube, em troca das dívidas tributárias acumuladas pela instituição. A intenção é transformar o espaço no futuro Palácio da Cultura, uma das principais promessas da gestão para a requalificação do Setor Central.

O Grande Hotel, por sua vez, não está nos planos da Prefeitura para uso público. Em 2019, a gestão chegou a formalizar uma proposta de aquisição do imóvel por meio do Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Goiânia (GoiâniaPrev), com base em uma lei municipal que autorizava o recebimento do prédio como parte de uma dívida do INSS. A negociação, no entanto, não se concretizou.

A história do prédio é marcada por disputas jurídicas e tentativas de descaracterização. Originalmente um hotel, o imóvel teve sua posse transferida ao INSS na década de 1970, em razão de dívidas acumuladas desde os anos 1940 pelos antigos proprietários. Nas décadas seguintes, o espaço foi ocupado por lojistas e, posteriormente, alvo de uma tentativa de demolição por parte do INSS — impedida graças ao tombamento estadual no fim dos anos 1980, oficializado em 1991. O reconhecimento nacional como patrimônio histórico só veio no início dos anos 2000.

Pesquisas acadêmicas, como o estudo publicado na Revista de História e o trabalho técnico “Mapeamento de danos em edifício tombado pelo patrimônio histórico — estudo de caso: Grande Hotel, Goiânia-GO”, de 2021, revelam que o imóvel passou por alterações internas no início dos anos 2000, com remoções de paredes e pisos, além de enfrentar problemas como infiltrações e degradação do piso original.


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