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Tânia Rêgo
Levantamento mostra crescimento da população de rua no país em 2025, mas revela que nove estados, entre eles Goiás, apresentaram redução na concentração de registros nas capitais
Brasil ultrapassa 335 mil pessoas em situação de rua; Goiás tem queda nos registros
19/04/2025, às 09:53 · Por Redação
O Brasil alcançou em março deste ano a marca de 335.151 pessoas vivendo em situação de rua, conforme dados do Cadastro Único (CadÚnico) divulgados pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/Polos-UFMG). O levantamento mostra um aumento de 0,37% em relação a dezembro de 2024, quando 327.925 pessoas estavam registradas nessa condição. Apesar do cenário nacional preocupante, Goiás apresentou queda na concentração de registros em sua capital, de acordo com a série histórica.
O número atual é 14,6 vezes maior que o registrado em dezembro de 2013, quando apenas 22,9 mil pessoas estavam cadastradas como em situação de rua. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o aumento também está relacionado à retomada das capacitações de entrevistadores e à melhora na coleta de dados, interrompida durante a gestão anterior (2019-2022).
Entre os perfis registrados, 88% têm entre 18 e 59 anos, 9% são idosos e 3% são crianças e adolescentes. A maioria (84%) é do sexo masculino. Mais da metade da população de rua (52%) não completou o ensino fundamental, índice que mais que dobra a média nacional de analfabetismo ou baixa escolaridade, segundo o Censo 2022 do IBGE.
Em Goiás, o número de pessoas em situação de rua diminuiu em relação aos dados anteriores, colocando o estado entre os nove que registraram queda, junto com Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Acre, Maranhão, Alagoas, Sergipe e Espírito Santo.
A Região Sudeste lidera a concentração nacional, com 63% das pessoas em situação de rua. São Paulo sozinho representa 42,82% do total, com 96.220 pessoas. Outras capitais com os maiores números incluem Rio de Janeiro (21.764), Belo Horizonte (14.454), Fortaleza (10.045), Salvador (10.025) e Brasília (8.591).
A situação é agravada por altos índices de violência: entre 2020 e 2024, mais de 46 mil casos de agressões contra essa população foram registrados pelo Disque 100. A maioria dos episódios ocorreu em vias públicas, mas há denúncias também em espaços como abrigos, hospitais e instituições de assistência.
O OBPopRua/Polos-UFMG afirmou que o cenário é “preocupante” e que há ausência ou ineficiência de políticas públicas estruturantes voltadas para essa população. “O descumprimento da Constituição Federal de 1988 com as pessoas em situação de rua continua no Brasil, com pouquíssimos avanços na garantia de direitos dessa população”, afirmou o observatório.
O MDS respondeu que tem atuado para reverter esse quadro, com investimentos em acolhimento, Centros POP e no Serviço de Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (Paefi), promovendo ações de inclusão e proteção social.
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