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Foto: Tia Dufour/White House
Não dá para bancar a orquestra do Titanic e continuar na mesma toada enquanto o barco afunda
Coluna do Pablo Kossa: Tarifaço global pode ser péssimo ou uma grande oportunidade para o Brasil
09/04/2025, às 14:01 · Por Eduardo Horacio
Apertem os cintos, estamos em turbulência. E não, ninguém sabe quando vai
acabar. E muito menos tem ideia de como estaremos ao final de tanto solavanco.
O planeta está se transformando em velocidade furiosa. Quando tudo está mudando
muito rápido, qualquer prognóstico é chute puro.
Os melhores cérebros das Ciências Econômicas e Sociais,
História e Relações Internacionais tentam analisar apoiados em seu arcabouço
teórico as consequências do tarifaço de Donald Trump, assim como as devidas
respostas dos outros países. Mas toda reflexão formulada agora está verde. Não
há distanciamento histórico necessário para uma melhor leitura. No afogadilho
as percepções costumam ser distorcidas.
Pode ser que o Brasil ganhe com acordos bilaterais mais
vantajosos com países que queiram compensar a perda de competitividade dentro
do mercado dos EUA? Sim.
Pode ser que a União Europeia desenrole de uma vez por todas
o acordo com o Mercosul para azeitar o comércio entre os blocos? Sim.
Pode ser que Trump perceba que é melhor tratar o continente
americano, em particular países como o Brasil com os quais os EUA ostentam um
superávit, e recue nas taxas? Sim.
Pode ser que o Brasil dê um salto tecnológico em serviços
digitais com o mercado global que se abre devido a reciprocidade imposta aos
exportadores desse segmento dos Estados Unidos? Sim.
E pode não acontecer nada também. Talvez ficaremos só com o
encosto incômodo da inflação gerada planeta afora e a pressão cambial forçando
o Real pra baixo.
Não dá para bancar a orquestra do Titanic e continuar na
mesma toada enquanto o barco afunda. Assim como não é razoável seguir o
conselho da Marta Suplicy de outrora, pois ninguém vai relaxar e muito menos
gozar nesse contexto.
Mas também não dá para sofrer de ejaculação precoce
analítica à la Linkedin, daquelas que sempre tiram lições positivas de
autoajuda tão típicas da rede social de sapatênis.
Muita calma nessa hora, rapaziada.
Pablo Kossa Donald Trump EUA Estados Unidos Comércio Exterior