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Antônio Scelzi Netto, de 25 anos, chegou a ser preso por duas vezes, mas aguarda processo em liberdade
Laudo pericial desmonta versão de empresário que matou vigilante em acidente com carro de luxo
08/04/2025, às 10:48 · Por Redação
Um laudo de reprodução simulada dos fatos, elaborado pela Polícia Científica de Goiás e entregue à Justiça na semana passada, contestou de forma categórica as versões apresentadas pelo empresário Antônio Scelzi Netto, de 25 anos, e pelo passageiro que o acompanhava, sobre o atropelamento e morte do vigilante Clenilton Lemes Correia, de 39 anos. O acidente ocorreu em junho de 2024, quando Antônio dirigia um Mercedes-Benz C180FF pela GO-040.
Segundo o documento divulgado pelo jornal O Popular, os relatos do motorista e do amigo “não são viáveis tecnicamente” e não coincidem com os vestígios encontrados no local. Ambos alegaram que, após a colisão, a moto e a vítima teriam sido lançadas para longe, e que, sem perceber a gravidade do ocorrido, o motorista seguiu para casa. “As versões apresentadas são incompatíveis com os vestígios coligidos quando do levantamento técnico-pericial de local”, afirmaram os peritos.
A investigação da Polícia Civil apurou que o empresário havia passado por seis estabelecimentos, incluindo bares e casas noturnas, e consumido bebida alcoólica antes de assumir o volante. Já o Ministério Público de Goiás (MP-GO) sustenta que, após a colisão, Antônio dirigiu por 86 metros fazendo zigue-zague na pista, em tentativa de desprender a motocicleta que ficou presa à frente do carro. A motocicleta foi arrastada enquanto o veículo seguia entre 75 km/h e 86 km/h.
O laudo pericial aponta que a versão dos ocupantes do carro não se sustenta ao se analisar as marcas na pista e as lesões da vítima. “A perinecroscopia e o exame cadavérico da vítima não guardam convergência com as versões simuladas durante o exame, visto que, prolongado o espaço e, por conseguinte, o tempo de arrastamento sobre o pavimento asfáltico, haveria de se coligir maiores danos às vestes e o agravamento das lesões externas”, escreveram os peritos.
Segundo o laudo, a dinâmica mais provável é que a motocicleta tenha ficado presa ao carro em posição vertical, com Clenilton entre os dois veículos, apoiado ao capô. As marcas de fricção encontradas no asfalto — cerca de 35 metros — teriam sido provocadas por partes metálicas do automóvel em contato com o solo, com o peso da vítima pressionando o conjunto.
Os peritos ainda descartaram qualquer contribuição da vítima para o acidente, seja por falha mecânica ou erro de condução. "O movimento da motocicleta, como foi simulado, não contribuiu para a gênese da ocorrência em estudo", frisaram.
Outro ponto contestado pela defesa é o funcionamento do farol traseiro da moto, que, segundo os advogados, estaria danificado, dificultando sua visualização. A perícia, no entanto, rebate: a peça possui estrutura refletiva capaz de ser iluminada pelos faróis de veículos, independentemente de estar com lâmpada queimada.
O empresário foi denunciado por homicídio doloso, por dirigir embriagado e em alta velocidade. Ele também responde por omissão de socorro. A audiência de instrução e julgamento está marcada para esta sexta-feira, 11.
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