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Maykon CardosoTorço para que a efeméride de 60 anos, em 2035, seja bem diferente, com estádio recebendo craques e arquibancadas lotadas
Coluna do Pablo Kossa: Que a efeméride de 60 anos do Serra Dourada, em 2035, não seja tão melancólica
12/03/2025, às 14:13 · Por Pablo Kossa
Falar do Serra Dourada mexe com meu eu profundo. Frequento o concreto daquelas arquibancadas desde o ventre materno. Minha mãe, barrigudona lá no ano de 1979, acompanhava meu pai nos jogos do Goiás. Enquanto eles assistiam os atletas correndo atrás da bola, eu chutava os órgãos internos dela imaginando que sua bexiga era a pelota que rolava naquele que já foi o melhor gramado brasileiro. O estádio completou meio século de vida no dia 9 de março e sua decadência é palpável.
Um momento que deveria ser de festa para todos que amamos o futebol no nosso estado foi melancólico. O grande palco do futebol goiano está muito longe do seu apogeu. Seu declínio coincide com o apequenamento dos clubes goianos perante o país.
Mas há esperança de que a nova gestão possa mudar a tristeza que vemos hoje. Torço para que a efeméride de 60 anos, em 2035, seja bem diferente, com estádio recebendo craques e arquibancadas lotadas.
Excelentes memórias de minha vida estão naquele espaço. Vi o Papai Noel descendo de helicóptero no seu gramado e saí de lá com um brinquedinho doado pelo governo estadual nas mãos. Soltei pipa nas arquibancadas enquanto meu pai se divertia com o jogo rolando. Assisti a Xuxa com seu Xou. Vibrei com o título esmeraldino de 1989 em cima do Vila Nova. Comemorei vários gols do Túlio quando ele vestia o uniforme verde e aparecia ao Brasil.
Assisti amistosos e jogos da Eliminatória da Seleção Brasileira. Entristeci com derrotas ou eliminações sofridas em casa como a contra o Botafogo em 1995 e Estudiantes em 2006. Comemorei não sei quantos gols e xinguei a mãe de não sei quantos juízes. Torci pro Romário vestindo o uniforme do Flamengo pela primeira vez contra o Uruguai.
Trabalhei enquanto a arquibancada do estádio tremia contra o Independiente em 2010. Chorei ao ver Paul McCartney cantando Something e com Axl Rose me lembrando que a gente só precisa de um pouco mais de paciência.
E tantas coisas memoráveis ali aconteceram que não vivenciei. Pelé, Maradona, Zico...
Assim como eu tenho meu rol de lembranças indeléveis, sei que você também tem as suas naquele espaço. O Serra Dourada é importante demais para goianos demais para ficar abandonado como está. Que o futuro do estádio seja melhor que o presente.
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