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Goiânia, 01/05/25
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Divulgação - Polícia Civil

Idosos eram dopados e passavam fome; dono do abrigo está foragido, segundo a Polícia Civil

Clínica clandestina para idosos é interditada por maus-tratos e condições insalubres em Joanápolis

23/02/2025, às 16:47 · Por Redação

Uma clínica clandestina que abrigava idosos em condições desumanas foi interditada nesta sexta-feira, 21, em Joanápolis, distrito de Anápolis, pela Polícia Civil (PC). No local, os agentes encontraram comida estragada, fezes e urina espalhadas pelos cômodos, além de internos dopados. O responsável pelo abrigo, um advogado, fugiu antes da chegada da polícia e é considerado foragido.  

A ação aconteceu após uma denúncia anônima feita por familiares de uma idosa que conseguiu entrar em contato e relatar as condições precárias do local. De acordo com o delegado Manoel Vanderic, da Delegacia do Idoso de Anápolis, o cenário encontrado foi alarmante.  

“Estava caótico. Muitas fezes, muita urina nos colchões, mau cheiro. A geladeira sem alimento, produtos vencidos, comida muito fermentada já na panela na cozinha para o dia seguinte. A gente percebeu que alguns idosos estavam meio dopados. Alguns idosos estavam com muita coceira, com muita ferida no braço. A gente não sabe se é sarna ou se é uma reação alérgica ou de medicação”, descreveu Vanderic à TV Anhanguera.  

Além da insalubridade, os idosos relataram que sofriam violência psicológica e não recebiam alimentação adequada. Segundo o delegado, alguns internos tinham dificuldades para mastigar e ficavam sem comer. “Eles reclamaram que no lanche da tarde era bolacha e a janta às vezes era só macarrão”, afirmou. 

Outro fator alarmante apontado pela investigação foi a falta de profissionais capacitados para cuidar dos idosos. A polícia identificou que os dois únicos funcionários da clínica eram ex-dependentes químicos que já haviam sido internos em outra unidade do mesmo proprietário.  

"Eles estavam em uma outra clínica desse dono e então ele os levou para trabalhar lá, com a promessa de que iria pagar um salário mínimo, mas não pagou. Eles ficavam 24 horas na clínica. Quem dava medicação para os idosos, muita coisa pesada psiquiátrica, era um ex-dependente químico que não tem nenhuma formação", detalhou o delegado.  

Diante da situação, os internos foram resgatados e encaminhados para dois abrigos de Anápolis, São Vicente e Guardalupe. A Secretaria Municipal de Assistência Social enviou uma equipe para prestar suporte às vítimas, que aguardam contato com seus familiares.  

O advogado responsável pelo abrigo conseguiu escapar antes da chegada da polícia e não foi localizado em seus endereços conhecidos. Segundo a PC, ele já havia sido preso e indiciado por crimes como cárcere privado, maus-tratos, apropriação de aposentadoria, retenção de documentos de idosos e trabalho análogo à escravidão, relacionados a outras clínicas clandestinas que mantinha em Anápolis e Abadiânia. Agora, ele poderá responder novamente pelos mesmos crimes.  

Além disso, a polícia descobriu que o imóvel onde a clínica funcionava havia sido alugado há três meses, mas o aluguel não foi pago. A proprietária já havia solicitado o despejo antes da interdição.


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