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Goiânia Arena já é algo tão consolidado no imaginário goiano que é inútil tentar batizá-lo de qualquer outro nome: e o que era pra ser uma bela homenagem se transforma em nada, lamentavelmente
Coluna do Pablo Kossa: Homenagens justas, porém inúteis
05/02/2025, às 13:01 · Por Pablo Kossa
Fiquei estupefato ao ler a notícia da concessão do complexo do Estádio Serra Dourada à Construcap, que também administra o Mineirão em Belo Horizonte. Fiquei sabendo que o popular Goiânia Arena se chama oficialmente Ginásio Valério Luiz de Oliveira. Como pode essa justa homenagem ao jornalista covardemente assassinado me passar batida assim? Pois é, passou.
Provavelmente fiquei sabendo da alteração no momento
em que o nome do ginásio foi mudado. Mas isso me sumiu completamente da cabeça.
Goiânia Arena já é algo tão consolidado no imaginário goiano que é inútil
tentar batizá-lo de qualquer outro nome. E o que era pra ser uma bela homenagem
se transforma em nada, lamentavelmente.
Mudar o nome de um equipamento público para honrar a memória
de alguém é de uma inutilidade atroz. As pessoas continuarão chamando aquele
local pelo nome que já estão habituadas. Serve para uma politicagem aqui, um
post de rede social na hora da troca e só. Não cai na boca do povo. Não adianta
placa, não adianta sinalização. Depois que um nome pega, o melhor é deixar como
está.
Faça o teste, nobre leitor: dê um rolê pela Praça Doutor
Pedro Ludovico Teixeira, ops..., Praça Cívica e saia perguntado aos transeuntes
qual o caminho para o Ginásio Valério Luiz, à Praça Latif Sebba ou ao Ginásio
José de Assis. Certamente irá colher negativas e olhares interrogativos. Agora,
se questionar sobre o Goiânia Arena, Praça do Ratinho ou Ginásio Rio Vermelho
receberá instruções de rota mais precisas que as do Waze.
Homenagear alguém cujo legado precisa ser honrado só
funciona caso seja um equipamento público novo, ainda não inaugurado e virgem
de batismo. Se a população já tem o hábito de chamá-lo de outra forma, esqueça.
Pode botar um letreiro do tamanho do mundo que as pessoas continuarão a se
referir ao espaço da forma que estão acostumadas.
Decisão de palácios ou gabinetes não mudam o que a rua diz.
A boca já torta pelo cachimbo não se endireita com publicações em diários
oficiais.
Pablo Kossa Coluna Goiânia Arena Praça do Ratinho Praça Cívica