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Alex Malheiros
Sandro Mabel vistoria galpões alugados pela prefeitura e determina a desocupação dos espaços com reaproveitamento do material servível e doação de sucatas
Inspeção encontra milhares de livros, uniformes e móveis abandonados em galpão da Prefeitura de Goiânia
30/01/2025, às 10:44 · Por Redação
Uma inspeção realizada pela Prefeitura de Goiânia revelou o acúmulo de milhares de materiais, incluindo livros, uniformes escolares e móveis, em galpões alugados pela Secretaria Municipal de Educação (SME). Além de itens em estado de deterioração, a vistoria identificou materiais novos e inutilizados, como mais de 3 mil pares de tênis infantis, fantasias para apresentações escolares e carteiras ainda embaladas. A administração municipal determinou a desocupação total desses imóveis, buscando reduzir custos e reaproveitar os bens em unidades escolares.
O prefeito Sandro Mabel (UB) acompanhou pessoalmente a vistoria em dois desses depósitos, localizados na Rua Capistabos e na Avenida São Francisco, no Setor Santa Genoveva. A ação ocorreu na manhã desta quarta-feira, 29, e Mabel ordenou a devolução imediata dos imóveis. Nos galpões, o cenário encontrado reforçou as preocupações com desperdício de recursos públicos. Em meio a pilhas de cadeiras e mesas quebradas, foram identificados equipamentos eletrônicos, parquinhos escolares ainda embalados e centenas de livros didáticos e literários empilhados. Muitos desses materiais estavam armazenados desde antes da pandemia de Covid-19.
A secretária de Educação, Giselle Faria, afirmou ao jornal O Popular que já iniciou a redistribuição de materiais para as escolas. "Já enviamos parquinho (escolar) que tinha aqui guardado, estamos enviando estantes, tudo o que as escolas precisam a gente já está mandando. As fantasias estão empoeiradas, mas nós vamos pegar, lavar tudo e organizar para as apresentações de teatro nas escolas. São lindas as fantasias e estão aqui há quatro anos guardadas. Tem uma montanha de tênis também, tem muito uniforme de governos anteriores: verde, azul claro e escuro. Então primeiro vamos entregar tudo o que tem, para depois fazer um levantamento do que realmente precisa comprar", explicou Giselle em coletiva de imprensa.
O prefeito Sandro Mabel também destacou o prejuízo com livros didáticos que perderam a validade. "Esse depósito aqui não se abria desde a época da Covid-19. Então você vê aqui materiais intactos, uns 3 mil pares de tênis jogados, amontoados, com água pegando neles. Já vamos mandar isso aí (para as escolas). Têm dicionários, livros de literatura, que nós vamos aproveitar, mas têm também (livros) pedagógicos de anos anteriores que não servem mais. É prejuízo em cima de prejuízo", afirmou o prefeito. Entre os exemplares encontrados, estavam títulos como Dicionário do Brasil Central, de Bariani Ortêncio, e Pluft, O Fantasminha, de Maria Clara Machado.
A SME esclareceu que os livros com mais de dez anos de produção serão destinados a cooperativas e entidades que fazem reaproveitamento de papel, pois não possuem mais utilidade pedagógica. Segundo a pasta, o estoque encontrado fazia parte da "reserva técnica" do Programa Nacional de Livro Didático (PNLD), do governo federal, e deveria ter sido distribuído em até dois anos. Como são considerados bens consumíveis, esses exemplares não precisavam ser catalogados pelo município.
Além dos imóveis inspecionados nesta quarta-feira, a Prefeitura estima que existam outros quatro depósitos alugados pela SME em Goiânia. A gestão municipal pretende encerrar esses contratos e doar materiais considerados inservíveis. De acordo com a administração, há cerca de 7,2 mil itens sem valor monetário que serão destinados a cooperativas de materiais recicláveis. A doação está prevista para 7 de fevereiro.
O secretário municipal de Administração, Celso Dellalibera, também acompanhou as inspeções e reforçou a necessidade de cortar gastos. "São R$ 720 mil por ano para guardar inservível. Não faz nenhum sentido. Vamos nos livrar disso o mais rápido possível para entregar esses imóveis", afirmou. Dellalibera adiantou que há bens que serão leiloados, incluindo veículos sem utilidade.
Os galpões inspecionados pertencem à empresa Queluz Empreendimentos e foram alugados pela SME desde 2016. O espaço da Avenida São Francisco servia como almoxarifado, enquanto o da Rua Capistabos era utilizado como "extensão do almoxarifado da SME e reserva técnica de livro didático". Os contratos mais recentes, publicados no Diário Oficial do Município (DOM) em abril de 2024, somam um custo anual de R$ 1,33 milhão.
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