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Goiânia, 01/05/25
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Levantamento aponta aumento na população de rua, que cresceu 14 vezes em 11 anos; falta de políticas públicas e dados atualizados agravam a crise

Mais de 2,5 mil pessoas vivem em situação de rua em Goiânia

24/01/2025, às 11:55 · Por Redação

O Brasil registrou um salto significativo no número de pessoas vivendo em situação de rua em 2024, chegando a quase 328 mil ao final do ano. O dado representa um aumento de 25% em relação aos 261 mil registrados em dezembro de 2023. A pesquisa, conduzida pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais, revela que o número é 14 vezes maior que os 22.922 contabilizados em 2013.

A Região Sudeste concentra a maior parte dessa população, com mais de 204 mil pessoas sem moradia. Em Goiânia, a estimativa mais recente, realizada em maio de 2024 pela Coordenação de Apoio Técnico Pericial do Ministério Público de Goiás (Catep), aponta que mais de 2,5 mil pessoas estão nessa condição. No entanto, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (Sedhs) admite a dificuldade de fornecer dados atualizados, já que o último censo oficial foi interrompido pela pandemia de Covid-19.

Para o secretário executivo do Movimento Nacional de População de Rua e representante da pauta no G20, Flávio Lino, a principal razão para o crescimento dessa população é a ausência de políticas públicas eficazes. “O número de pessoas em situação de rua tem crescido tanto por causa da falha de execução e elaboração de políticas públicas, que não vão de encontro com o que a população em situação de rua busca”, afirma. Ele ressalta que habitação social e o acompanhamento psicossocial são fundamentais para que essas pessoas possam se reintegrar à sociedade.

O levantamento também aponta que sete em cada dez pessoas em situação de rua no Brasil não concluíram o ensino fundamental, e 11% são analfabetas. Essas dificuldades limitam ainda mais as oportunidades de emprego e inclusão social.

Goiânia
Em Goiânia, a falta de um censo atualizado dificulta o trabalho de organizações que atuam no apoio à população de rua. Maylla Rigonato, assistente social da Associação Tio Cleobaldo, explica que essa lacuna prejudica o planejamento de ações. “O Censo é a nossa base, e o último dado oficial foi em 2019. Hoje, vemos filas maiores nas entregas de marmitas, mas não conseguimos atender a todos. Fazemos cerca de 30 mil refeições por mês, e ainda é insuficiente”, relata.

A instituição, que depende de doações e emendas parlamentares, também enfrenta dificuldades para garantir apoio consistente à população de rua. Apesar de parcerias com a prefeitura para mutirões, Maylla destaca que o financiamento da associação ainda é incerto.

Especialistas apontam que a solução passa por intervenções públicas coordenadas e contínuas. Gardenia Lemos, professora de psicologia da Universidade Federal de Goiás, defende ações integradas que promovam a autonomia e a inclusão social dessas pessoas. “É preciso construir serviços públicos que considerem o território, as dificuldades e as potencialidades dessa população. Garantir moradia e a preservação de sua integridade é essencial para superar a situação de rua”, explicou ao jornal Opção.

A Secretaria Municipal de Política para as Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos informou que, em 2025, pretende reestruturar os serviços oferecidos pelo Centro Pop, buscando maior alcance e efetividade no atendimento à população em situação de rua.


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