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Karine Gouveia e Paulo César Dias tiveram a prisão prorrogada; esquema contava com duas distribuidoras e envolvia práticas ilegais na aquisição e revenda de remédios
Influenciadores suspeitos de deformar pacientes revendiam medicamentos com receitas falsas, aponta investigação
22/01/2025, às 08:42 · Por Redação
Karine Gouveia e Paulo César Dias, influenciadores investigados por realizarem procedimentos estéticos que deixaram pacientes com sequelas, operavam um esquema de revenda ilegal de medicamentos obtidos por meio de receitas médicas falsas, segundo o delegado Daniel Oliveira. A Justiça de Goiás determinou a prorrogação da prisão temporária do casal por mais 30 dias, enquanto as investigações avançam. Além deles, sete funcionários também foram presos por envolvimento no esquema.
De acordo com a Polícia Civil, o casal administrava duas distribuidoras de medicamentos que utilizavam receitas médicas falsificadas para adquirir produtos diretamente de laboratórios. Os remédios eram armazenados em condições inadequadas e revendidos online, além de serem aplicados em procedimentos realizados nas clínicas do grupo.
Conforme o delegado, as receitas fraudulentas eram assinadas por colaboradores que, em alguns casos, chegaram a preencher mais de 100 documentos em um único dia. As investigações, que começaram em abril de 2024 após a denúncia de uma paciente, já identificaram mais de 70 vítimas. O casal poderá responder por crimes como falsificação de documentos, organização criminosa, lesão corporal gravíssima e infrações contra o consumidor.
As clínicas, localizadas em Goiânia e Anápolis, foram interditadas pela Vigilância Sanitária em dezembro de 2024. Durante as inspeções, fiscais identificaram 18 irregularidades, incluindo falta de esterilização de materiais e uso de bisturis cegos. A unidade de Anápolis sequer possuía alvará de funcionamento.
Os procedimentos oferecidos pela clínica tinham valores muito abaixo do mercado. De acordo com depoimentos, cirurgias que custariam cerca de R$ 30 mil em clínicas especializadas eram realizadas por R$ 5 mil. Um dentista que atuava na clínica afirmou que os atendimentos eram feitos de forma improvisada, com intervalos insuficientes entre as cirurgias, chegando a realizar até oito procedimentos em um único dia. “Ele revelou que os agendamentos não respeitavam o tempo necessário para a segurança das cirurgias”, explicou o delegado Daniel Oliveira.
Relatos das vítimas
Marcelo Santos, um dos pacientes afetados, relatou ao portal G1 Goiás o sofrimento causado por uma rinoplastia mal-sucedida. “Fizeram raspagem enquanto eu estava acordado. Senti tirarem cartilagem e rasparem o osso”, contou. O empresário ainda afirmou que a correção do procedimento custará cerca de R$ 60 mil, valor que ele não tem condições de pagar.
Outro caso grave foi o da psicóloga Vânia Ribeiro, que investiu quase R$ 20 mil em uma harmonização facial. Ela relatou que, ao invés de receber ácido hialurônico, teve óleo industrial injetado no rosto, causando deformações. “Eu fiquei desesperada. Tentei retirar o produto sozinha, mas foi em vão”, disse.
Além dos prejuízos estéticos, os danos psicológicos têm sido uma constante entre os pacientes afetados, que relatam ansiedade, depressão e dificuldades para retomar a vida normal.
Irregularidades
O casal de influenciadores ostentava uma vida de luxo nas redes sociais, que ajudava a atrair clientes. Segundo a Polícia Civil, os envolvidos tiveram bens e contas bloqueados, totalizando R$ 2,5 milhões em ativos apreendidos, além de um helicóptero avaliado em R$ 8 milhões.
Em nota ao portal G1 Goiás, a defesa dos influenciadores, representada pelos advogados Romero Ferraz Filho, Tito Souza do Amaral e Caio Victor Lopes Tito, afirmou que as acusações devem ser submetidas ao processo legal. "Não raras são as vezes em que a Polícia Civil (PC) acusa, mas que, ao fim do processo, a Justiça entende diferente", completaram. A defesa também reclamou da ampla divulgação do caso.
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