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Goiânia, 01/07/25
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Sistema público de saúde de Goiânia enfrenta colapso com dívidas milionárias, leitos de UTI bloqueados e falhas estruturais

Crise na Saúde em Goiânia: atenção básica emerge como prioridade para conter caos

27/11/2024, às 12:06 · Por Redação

A saúde pública em Goiânia vive uma crise sem precedentes, marcada por dívidas que ultrapassam R$ 250 milhões, 20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) bloqueados e, tragicamente, mortes de pacientes devido à falta de atendimento. Segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO), o cenário é reflexo de problemas de gestão, ausência de planejamento e graves falhas estruturais. Com o caos instalado, gestores e autoridades debatem soluções emergenciais, enquanto a atenção básica surge como uma peça-chave para aliviar o sistema de urgência e emergência, que está sobrecarregado.

A presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), Sheila Soares Ferro, destacou que os problemas financeiros afetam diretamente a qualidade do atendimento. “Os profissionais estão com pagamentos atrasados, e muitas unidades enfrentam a falta de insumos básicos, o que prejudica gravemente o funcionamento do sistema”, afirmou em entrevista ao jornal A Redação. A situação é ainda mais preocupante nas UTIs, onde a falta de leitos suficientes e de infraestrutura adequada resultou na morte de pelo menos quatro pacientes à espera de atendimento.

Medidas emergenciais em pauta
Para tentar conter o agravamento da crise, o prefeito eleito Sandro Mabel (União Brasil) já anunciou um pacote de ações. Entre as principais medidas estão:
- Abertura de 40 novos leitos de UTI para ampliar a capacidade de atendimento;
- Pagamento de valores atrasados às maternidades, buscando estabilizar os serviços essenciais;
- Reorganização dos Programas de Saúde da Família (PSFs) para fortalecer a atenção básica e evitar a sobrecarga nas emergências;
- Reativação de contratos com prestadores de serviços de saúde, interrompidos devido a dívidas.

“A saúde começa na ponta, e é lá que vamos agir. O fortalecimento das unidades de saúde será essencial para evitar que o sistema entre em colapso”, declarou Mabel.

Ações no Legislativo
Na Câmara Municipal, vereadores propõem redirecionar parte dos R$ 710 milhões aprovados para obras públicas em março deste ano para atender às necessidades urgentes da saúde. “Podemos remanejar esse recurso, porque o dinheiro já está disponível. Em vez de investir em cimento, precisamos investir em vidas”, defendeu o vereador Thialu Guiotti (Avante). Um comitê de parlamentares deve ser formado para analisar a viabilidade dessa proposta.

Anselmo Pereira (MDB) reforçou a necessidade de priorizar a saúde pública: “Se houver legalidade, acredito que esta Câmara estará pronta para aprovar o remanejamento, garantindo assistência fundamental para o município”.

Atenção básica
Especialistas apontam que fortalecer a atenção básica é essencial para evitar o colapso do sistema. “Se as unidades básicas estiverem bem estruturadas, podemos evitar que pacientes cheguem em condições graves às UTIs”, explicou Sheila Ferro. Entre as melhorias previstas estão a contratação de médicos capacitados, aquisição de insumos e ampliação de equipes nas unidades básicas. Além disso, programas como o Saúde da Família deverão ser reorganizados para oferecer atendimento preventivo e reduzir a demanda nas emergências.

Estrutura
Apesar dos esforços, o cenário exige mudanças profundas. Sheila Ferro mencionou a falta de medicamentos básicos, como dipirona, e a carência de profissionais, como técnicos de enfermagem e pediatras, em diversas unidades. “Estamos de portas abertas para colaborar e monitorar as ações. A saúde dos goianienses não pode mais esperar”, enfatizou. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma proporção de 1 a 3 leitos de UTI para cada 10 mil habitantes. Goiânia já ultrapassa essa proporção, mas a alta demanda e os bloqueios atuais tornam a capacidade insuficiente.


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