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Idosa aguarda leito de UTI há 15 dias em Goiânia enquanto mortes evidenciam colapso na saúde; crise na rede pública expõe drama de pacientes como Maria Querubina, de 88 anos
Idosa aguarda leito de UTI há 15 dias em Goiânia enquanto mortes evidenciam colapso na saúde
26/11/2024, às 10:41 · Por Redação
Aos 88 anos, Maria Querubina dos Santos enfrenta uma batalha pela vida em meio ao colapso do sistema de saúde em Goiânia. Internada há 15 dias na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Novo Mundo, a idosa aguarda uma vaga em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para realizar uma cirurgia urgente em uma escara infeccionada. Enquanto isso, outras famílias vivem a dor da perda, como no caso do técnico de informática Luiz Felipe Figueredo, de 30 anos, que morreu após dias esperando transferência para tratamento intensivo.
Maria Querubina está acamada há dois anos devido a um acidente vascular cerebral (AVC), que gerou uma lesão grave nas costas. Sua filha, Maria Gorete, de 57 anos, conta que a infecção piorou progressivamente, exigindo uma internação imediata. “Ela foi ao médico, e ele disse que precisava internar porque o ferimento já estava infeccionado. Desde então, estamos nesse sofrimento, esperando por uma vaga que parece nunca chegar”, desabafa Gorete.
Após internações anteriores em outras unidades, Maria Querubina retornou para casa sem melhora completa. Na última internação, apresentou agravamento no quadro com infecções, dificuldades respiratórias e inchaço nos membros. Ainda assim, permanece na UPA aguardando o leito necessário para a cirurgia. “A gente só escuta que precisa esperar. É angustiante”, relata a filha.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirma que busca a vaga em conjunto com o Complexo Regulador Estadual, já que o perfil da UTI necessária para a idosa só está disponível na rede estadual.
Mortes na fila
A espera angustiante vivida pela família de Maria Querubina é agravada por relatos de mortes na fila por UTIs. Luiz Felipe Figueredo da Silva, de 30 anos, é um exemplo dessa tragédia. Após crises convulsivas, ele foi internado na mesma UPA do Jardim Novo Mundo, mas não resistiu.
Sua esposa, Lavínia da Silva, de 27 anos, narra a luta para conseguir uma vaga que não veio a tempo. “Ele teve convulsões, foi entubado e ainda pegou uma infecção. Mesmo assim, o juiz não considerou o caso urgente. Como não estava grave, se ele estava cada vez pior?”, questiona.
Luiz Felipe faleceu no sábado, 23, com diagnóstico de meningite. Os planos do casal de terem um filho ainda este ano foram interrompidos. “Fiz tudo que podia, mas o sistema não ajudou. É um sentimento de impotência”, lamenta Lavínia.
Resposta
A administração municipal anunciou recentemente a abertura de 20 leitos de UTI em até 10 dias, com possibilidade de ampliação para 30 vagas. No entanto, a promessa soa distante para quem enfrenta o desespero diário nas filas. Em nota, a SMS reiterou que Luiz Felipe aguardava transferência para o Hospital Estadual de Doenças Tropicais (HDT), mas não conseguiu vaga antes de falecer. A Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) declarou que buscou unidades com capacidade para atendê-lo, mas não encontrou leito disponível.
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