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Goiânia, 01/05/25
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Prefeito eleito Sandro Mabel articula com gestores para enfrentar caos na saúde, que já resultou em quatro mortes recentes

Crise na saúde: Mabel promete abertura de até 30 leitos emergenciais

26/11/2024, às 09:28 · Por Redação

O prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), anunciou medidas emergenciais para enfrentar a crise de falta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na capital. Após reunião com os secretários estadual e municipal de Saúde, Rasível Santos e Wilson Pollara, nesta segunda-feira, 25, Mabel declarou que pretende abrir imediatamente 20 leitos, com possibilidade de chegar a 30 nos próximos dias, dependendo do apoio da Santa Casa. Nos últimos dias, pelo menos quatro pessoas morreram aguardando transferência para UTIs em Goiânia, um reflexo da sobrecarga no sistema de saúde municipal.

Em coletiva, Mabel afirmou estar atuando em conjunto com a gestão atual, a próxima administração e o governo estadual para mitigar a crise. “Estamos agindo em três frentes para suprir a necessidade da capital. Isso significa a abertura imediata de 20 leitos, com novas vagas sendo disponibilizadas diariamente. Caso necessário, poderemos chegar a 40 leitos”, explicou.

Além de enfrentar o colapso nas UTIs, Mabel destacou a prioridade de fortalecer a atenção básica para reduzir a pressão sobre o sistema de alta complexidade. “Vamos contratar equipes de saúde da família para atuar preventivamente. Assim, evitaremos que problemas simples evoluam para quadros graves que demandem UTIs”, afirmou.

A crise nas UTIs expõe um problema maior: o rombo financeiro da Secretaria Municipal de Saúde. Segundo Pollara, as dívidas herdadas chegaram a R$ 265 milhões. Apesar de uma redução parcial, o montante exato ainda é incerto. “Os fornecedores perderam a confiança na Prefeitura. Estamos renegociando contratos e buscando alternativas para reverter essa situação”, declarou o prefeito eleito.

O secretário estadual de Saúde, Rasível Santos, enfatizou que a falta de credibilidade financeira tem inflacionado os custos de serviços. “O leito hospitalar se torna mais caro quando há desconfiança nos pagamentos. Isso, somado à ausência de insumos básicos, aumenta o tempo de internação dos pacientes e agrava a crise”, afirmou.

A ausência de vagas em UTIs resultou na morte de pelo menos quatro pacientes na última semana. Entre eles, Luiz Felipe, de 30 anos, que aguardava atendimento no Hospital de Doenças Tropicais, e Severino Vasconcelos, de 63 anos, que não resistiu após dias esperando transferência na UPA do Jardim Itaipu.

Casos semelhantes foram registrados com pacientes diagnosticados com dengue hemorrágica, como Katiane de Araújo e Janaína de Jesus. Apesar de decisões judiciais obrigando a Prefeitura a custear vagas na rede privada, muitos pacientes não foram transferidos a tempo.

Dados da Secretaria Estadual de Saúde mostram uma redução no número de leitos financiados em Goiânia, caindo de 186 em 2022 para 118 em 2024. Esse cenário contrasta com a ampliação de 171% dos leitos estaduais no mesmo período. Rasível Santos apontou a necessidade de ações estruturantes: “A superlotação cria um ciclo vicioso. É preciso melhorar a gestão dos leitos existentes e aumentar o giro dos pacientes para aliviar a demanda”.

Enquanto isso, a Prefeitura enfrenta críticas pelo sucateamento de ambulâncias do Samu, greves de anestesistas e atrasos nos repasses às principais maternidades da capital.

Com a posse prevista para janeiro de 2025, Mabel terá o desafio de recuperar a credibilidade financeira, renegociar dívidas e implementar um modelo de gestão mais eficiente. “A crise que vivemos hoje é resultado de anos de compromissos assumidos acima da capacidade de pagamento. Agora, temos que priorizar a reconstrução”, afirmou Pollara.


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