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Dívida da Prefeitura de Goiânia com hospitais supera R$ 250 milhões; débitos acumulados levam ao fechamento de leitos, atrasos em atendimentos e mortes
Crise na saúde: dívida da Prefeitura de Goiânia com hospitais supera R$ 250 milhões
26/11/2024, às 08:45 · Por Redação
Um levantamento realizado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) revelou que a Prefeitura de Goiânia acumula uma dívida de mais de R$ 250 milhões com hospitais particulares e filantrópicos. O valor pode ser ainda maior, já que novos atrasos nos pagamentos continuam sendo reportados. Segundo o MP, a crise tem provocado o fechamento de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e enfermarias, agravando ainda mais a situação do sistema de saúde na capital.
A dívida inclui valores devidos a diversas unidades de saúde, como a Santa Casa de Misericórdia (R$ 18 milhões), o Hospital Araújo Jorge (R$ 34 milhões) e o Hospital Jacob Facuri (R$ 20 milhões). Apesar de os repasses federais terem sido realizados, cerca de R$ 102 milhões não foram destinados aos hospitais contratualizados. Essa situação já levou hospitais como o Ortopédico e o Hospital da Criança a romperem contratos com o município por falta de pagamento.
A promotora Marlene Nunes, do MPGO, destaca que “o problema central é financeiro, com acúmulo de dívidas e falhas nos repasses”. Além das dificuldades enfrentadas pelos hospitais, a promotora relata o impacto direto sobre a população. “Muitas pessoas estão permanecendo em UPAs e Cais por tempo excessivo, à espera de leitos hospitalares. É um problema de gestão e de falta de recursos”, diz.
A falta de pagamento aos hospitais resultou no encolhimento da oferta de leitos de UTI e enfermaria. Essa redução já causou pelo menos quatro mortes de pacientes que aguardavam transferência para unidades hospitalares.
Entre as vítimas está Luiz Felipe, de 30 anos, que morreu enquanto esperava por uma vaga. Outro caso foi o de Severino Ramos Vasconcelos, de 63 anos, que morreu na UPA do Jardim Itaipu após agravamento do quadro clínico enquanto aguardava um leito de UTI. Casos semelhantes ocorreram com pacientes diagnosticados com dengue hemorrágica, como Katiane de Araújo Silva e Janaína de Jesus, ambas morreram antes de serem transferidas para UTIs.
O prefeito eleito Sandro Mabel (União Brasil) anunciou medidas emergenciais para enfrentar a crise. Durante reunião com os secretários estadual e municipal de saúde, ele garantiu a abertura imediata de 20 leitos de UTI, com possibilidade de ampliar esse número para 40 nos próximos dias. “Estamos trabalhando em conjunto com as gestões atual e estadual para atender à demanda. A abertura de novos leitos é essencial para evitar mais perdas de vidas”, afirmou Mabel.
Dívidas
Apesar das medidas anunciadas, o secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, disse ao jornal Opção que já teria quitado cerca de 70% da dívida de R$ 265 milhões acumulada na pasta. No entanto, a informação é contestada por sindicatos e diretores médicos, que apontam atrasos contínuos nos pagamentos. “Quando assumi a secretaria, a dívida era de R$ 265 milhões. Hoje, esse valor é menor, mas não posso especificar”, declarou Pollara.
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