Matérias
DivulgaçãoElas usavam verba desviada para comprar aparelhos de TV, computadores e até caminhão
Funcionárias desviam quase R$ 1 milhão de transportadora em Aparecida de Goiânia
04/09/2024, às 23:15 · Por Redação
Duas funcionárias de uma transportadora de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, são suspeitas de desviar quase R$ 1 milhão da empresa, informou a Polícia Civil. De acordo com a investigação, a dupla usou a verba desviada para comprar aparelhos de TV, computadores e até um caminhão.
A denúncia foi obtida com exclusividade pela TV Anhanguera. Os crimes foram cometidos e descobertos em dezembro de 2023, porém, apenas em agosto de 2024 a polícia teve autorização para a quebra de sigilo telefônico e bancário das investigadas.
A defesa de uma das investigadas informou em nota que as provas demonstrarão a verdade dos fatos no decorrer do processo e que demonstrará a inocência da mesma. O g1 não conseguiu localizar a defesa da outra suspeita até a última atualização desta reportagem.
De acordo com o relato da dona da transportadora, que preferiu não ser identificada, o faturamento da empresa caiu pela metade após os desvios, assim como o quadro de funcionários.
"Eu passei pelo inferno. Eu tinha 12 funcionários. Até março desse ano, tive que cair para três funcionários e hoje eu estou com cinco funcionários novamente. Eu estou pedalando. Meu faturamento caiu pela metade", disse.
A empresária informou à TV Anhanguera que a suspeita dos desvios começou após o marido receber uma ligação de uma loja de eletrodomésticos, pedindo confirmação de endereço e informando que havia a compra de uma geladeira de R$ 7 mil no nome dele. Após a ligação suspeita, a empresária se recordou que havia recebido diversas ligações de um banco digital anteriormente com informações semelhantes, porém, acreditava que era um golpe.
"Depois de constantes ligações do ano passado referente ao banco, mais essa questão da loja, eu pensei 'tem alguma coisa errada' ", disse a empresária.
Após a quebra do sigilo telefônico e bancário, a polícia encontrou conversas no WhastApp das suspeitas que confirmavam a autoria do crime (veja no início do texto). Após serem intimadas pela polícia, as investigadas confessaram os desvios em cartas anexadas ao inquérito policial, assumindo as devidas participações de cada uma no crime, segundo a Polícia Civil.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado pela empresária, as suspeitas agiam da seguinte forma: Primeiro pediam para que o marido dela, que também é vítima dos golpes e proprietário da empresa, cadastrasse seu rosto em aplicativos que exigiam o Face ID como forma de segurança.
Segundo a Polícia Civil, as investigadas diziam para a vítima que o rosto dela seria usado para atualizar aplicativos que a empresa utilizava para o frete de mercadorias. A investigação aponta ainda que as mulheres se aproveitavam do fato da vítima ser míope e não utilizar os óculos no momento, para usar o Face ID e assim abrir contas em bancos no nome do patrão e desviar o dinheiro da empresa.
Como não tinham acesso aos dados financeiros da empresa, as investigadas não podiam fazer transações bancárias e, como forma de burlar essa regra, usavam as contas abertas para receber os valores de contratos dos clientes da transportadora.
As contas foram criadas no CNPJ da transportadora e no nome do proprietário, de acordo com o inquérito policial. Ao todo, seis contas em diferentes bancos foram abertas.
De acordo com Adriano Jaime, delegado responsável pelo caso, os clientes não suspeitavam que estavam transferindo os valores para contas de terceiros, já que estavam registradas no nome da empresa ou do proprietário.
"O cliente pagava, pois a conta estava sim no nome da empresa ou no nome do proprietário. Elas com acesso a essas contas, transferiam o dinheiro para elas", disse o delegado.
Em uma das contas abertas, uma das suspeitas colocou o próprio endereço residencial para receber o cartão do banco, o que facilitou a descoberta do crime. As investigadas foram indiciadas pelos crimes de furto qualificado e abuso de confiança. A Justiça negou o pedido de prisão.
De acordo com o advogado da empresa, Ricardo Souza, a empresa solicita a devolução cível de todos os valores desviados e uma indenização por danos morais. "Queremos também uma indenização de dano moral por todo o abalo que a empresa sofreu", disse.
Golpe Transportadora Aparecida de Goiânia