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Goiânia, 02/07/25
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Veículo teria se soltado a pelo menos 75 km/h

Motorista fez ziguezague para se livrar de moto em atropelamento de vigilante por carro de luxo

14/08/2024, às 16:37 · Por Redação

O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) apresentou nesta segunda-feira (12) duas novas informações sobre o atropelamento que matou o vigilante Clenilton Lemes Correia, de 39 anos, na madrugada de 9 de junho, na GO-020, em Goiânia. Ao denunciar o empresário Antônio Scelzi Netto, de 25 anos, pelo crime, o promotor Sebastião Marcos Martins, da 29ª Promotoria de Justiça, aponta que, por 86 metros, o acusado teria feito movimentos em zigue-zague na pista para desacoplar a moto de Clenilton presa em seu carro e que, ao se soltar, a moto se arrastou pela pista ainda, a partir de uma velocidade entre 75 km/h e 86 km/h.

Inquérito da Polícia Civil aponta que Antônio passou por seis estabelecimentos, entre bares, boates e posto de combustível, entre a tarde do dia anterior, um sábado, e o momento do acidente, e fez ingestão de bebidas alcoólicas em cinco deles. Apesar de o motorista negar, a perícia constatou que a rodovia estava bem iluminada e sinalizada no momento em que ele colidiu seu veículo, um Mercedes Benz C180 FF, de frente com a parte traseira da moto e que antes do impacto não havia marcas de frenagem, indicando que Antônio não viu Clenilton, que naquele instante se dirigia para o trabalho.

A perícia feita no local do crime pela Polícia Científica do Estado de Goiás constatou que o carro de luxo ficou "envencilhado", ou seja, acoplado na estrutura da moto, arrastando-a por 86 metros até se soltarem. O laudo identificou neste trecho marcas de sulcagem na pista ora para direita ora para esquerda que, no entendimento da Polícia Civil, seria Antônio tentando manter o controle do veículo. Já para o promotor, seria o motorista tentando fazer a moto descolar do veículo. "No momento da colisão, a vítima e a motocicleta ficaram acoplados ao veículo conduzido pelo denunciado, que passou a dirigir seu automóvel fazendo zigue-zague na pista de rolamento visando desprender-se, momento em que a vítima e sua motocicleta foram arremessados em razão da velocidade imprimida pela Mercedes", escreveu Sebastião na petição.

"No momento do desprendimento, a vítima foi arremessada por aproximadamente oito metros de distância, e a motocicleta por cerca de 45 metros, a uma velocidade entre 75 e 86 km/h", afirmou. Essa informação sobre a velocidade da moto após se soltar da Mercedes não consta no relatório final da delegada Ana Cláudia Rodrigues Stoffel, da Delegacia Especializada em Investigações de Crimes de Trânsito (Dict). Ela cita a velocidade que o carro estaria momentos antes, quando cruzou um trecho da Avenida Jamel Cecílio, no Jardim Goiás, em direção ao local do acidente. A velocidade do carro é um dos pontos cruciais no processo.

No laudo, a perícia explica que a velocidade calculada após a moto se soltar do veículo é "subestimada", mas para o MP-GO já é indicativo importante de que o carro estava muito acima do limite da pista (80 km/h) no momento da colisão. Divergência sobre Pena Outra diferença em relação ao indiciamento está nas penas pelas quais o promotor quer que Antônio responda. A delegada apontou o crime de homicídio simples com dolo eventual (quando não há intenção, mas se assume o risco) e por embriaguez ao volante. Já o MP-GO afirma que Antônio deve ser denunciado por homicídio com dois agravantes (uso de meio cruel e sem possibilidade de defesa da vítima) e por fuga de local de acidente. Em sua petição, o promotor cita o fato de Antônio ter ingerido bebida alcoólica, mas não explica por que não o denunciou por isso. Além das provas coletadas pela Dict, há um laudo feito seis horas depois do acidente indicando no acusado hálito etílico e indícios de ingestão de bebida alcoólica. Na denúncia, Sebastião destaca que o crime "foi cometido com meio cruel" e que Clenilton "foi atingido de inopino (subitamente) e sem chance de se defender". Também diz que Antônio "conduzia um veículo em alta velocidade e não se dignou sequer a frear - o que poderia, inclusive, ter evitado a morte". Antônio foi preso duas vezes pelo crime. A primeira em flagrante no dia do acidente, ficando cerca de 24 horas na cadeia. Depois, entre 24 de julho e 8 de agosto, após o MPGO ter conseguido derrubar liminar da defesa para o manter em liberdade. O motorista tem nova decisão favorável para continuar solto, da qual o promotor ainda não recorreu.


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