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Goiânia, 01/05/25
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Grazielly da Silva Barbosa se apresentava como biomédica, mas não tinha registro, segundo a polícia

Dona de clínica usou carimbo falso em receita para influencer que morreu após procedimento, denuncia médica

06/07/2024, às 09:29 · Por Redação

A médica Eny Aires ficou indignada ao descobrir que seu registro profissional foi utilizado de forma fraudulenta em uma receita da clínica onde a influenciadora Aline Ferreira, de 33 anos, realizou um procedimento estético e acabou morrendo. Aline havia pago R$ 3 mil para o procedimento com Grazielly da Silva Barbosa. A Polícia Civil informou que o tratamento deveria ser realizado em três sessões de aplicação de polimetilmetacrilato (PMMA), mas Aline morreu após a primeira sessão.

"Esse CRM [usado por ela] é antigo. Eu tenho quase 20 anos de formada, formei em 2005. Meu CRM foi falsificado, eu nem conheço essa pessoa, nunca nem a vi", afirmou a médica Eny Aires. "Estou arrasada, triste, nervosa. Um turbilhão", desabafou.

A médica registrou um boletim de ocorrência nesta sexta-feira, 5, por falsificação de documento particular. Ela trabalha no Hospital Municipal de Santa Madalena, em uma UPA 24h em Campos Belos de Goiás e no Hospital Municipal Anjo Rodrigues Galvão.

O advogado Thiago Hauscar, que defende Grazielly Barbosa, afirmou que a defesa está analisando o processo para decidir os próximos passos em relação aos pedidos de oitivas. Ele também expressou solidariedade à família de Aline.

Grazielly Barbosa foi presa pela Polícia Civil na quarta-feira, 3, e teve sua prisão preventiva decretada pela Justiça na quinta-feira, 4. Eny Aires enfatizou que não conhecia a vítima ou a suspeita e que a dona da clínica havia alterado os dados do nome e número do registro. A médica também observou que os nomes dos medicamentos estavam escritos de forma errada e que o uso de caneta vermelha não é comum em documentos médicos.

A delegada Débora Melo informou que Grazielly se apresentava como biomédica, mas nunca cursou Biomedicina e não possuía diploma de curso superior. Ela alegou ter feito cursos livres na área de estética e cursado três semestres de medicina no Paraguai, mas não apresentou certificados ou diplomas.

A Vigilância Sanitária constatou que a clínica de estética não possuía alvará sanitário nem um profissional tecnicamente habilitado responsável. Além disso, a delegada revelou que não foram encontrados prontuários de pacientes na clínica. "Lá não tinha prontuário de paciente nenhum. A pessoa pagava, fazia o procedimento e ia embora. Não eram requisitados exames prévios e não tinha contrato de prestação de serviço formalizando a relação entre o prestador e o consumidor", explicou Débora Melo.

Grazielly é investigada pelos crimes de lesão corporal seguida de morte, exercício ilegal da medicina, execução de serviço de alta periculosidade e crime contra a relação de consumo, ao induzir os consumidores ao erro.

O caso

O marido de Aline relatou à Polícia Civil que a influenciadora morreu em 2 de julho em um hospital particular de Brasília, onde estava internada desde 29 de junho. O procedimento estético foi realizado em 23 de junho na clínica de Grazielly em Goiânia. Segundo ele, a cirurgia foi rápida e eles retornaram para Brasília no mesmo dia, com Aline aparentando estar bem. No entanto, no dia seguinte, ela começou a ter febre.

Ele disse ter contatado a clínica, que afirmou que a febre era uma reação normal e que Aline deveria tomar um remédio. Mesmo medicada, a febre persistiu e, na quarta-feira, 26, Aline começou a sentir dores abdominais. Na quinta-feira, 27, ela piorou e desmaiou, sendo levada ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde ficou por um dia antes de ser transferida para um hospital particular da Asa Sul, onde morreu.


Denúncia Grazielly da Silva Barbosa Aline Maria Ferreira CRM Falso Goiás,