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Goiânia, 18/05/24
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A transmissão vertical ocorre quando os vírus passam dos adultos para as larvas sem a necessidade de um hospedeiro intermediário que, no caso são os seres humanos

Pesquisadores da UFG encontram ovos do Aedes já infectados com zika e chikungunya

23/02/2024, às 11:11 · Por Redação

Um estudo conduzido por pesquisadores da UFG (Universidade Federal de Goiás), em Goiânia, registrou ovos do mosquito Aedes aegypti com a presença dos vírus da zika e chikungunya. Os mosquitos que eclodiram dos ovos também estavam infectados, confirmando que houve a chamada transmissão vertical no animal. A informação é da Folha de S. Paulo.

A transmissão vertical ocorre quando os vírus passam dos adultos para as larvas sem a necessidade de um hospedeiro intermediário que, no caso dos mosquitos do gênero Aedes, são os seres humanos.

O artigo descrevendo o achado foi publicado nesta sexta-feira, 23, na revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Participam da pesquisa especialistas do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Agentes (Re)emergentes e do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, ambos da UFG, e da Unidade Sentinela e Centro de Referência em Medicina Internacional e de Viagens do município de Goiânia.

Para testar a transmissão vertical, os cientistas coletaram ovos de Aedes aegypti de sete regiões de Goiânia (Central, Norte, Sul, Leste, Oeste, Sudoeste e Noroeste) e os cultivaram no laboratório até a eclosão das larvas. Um total de 1.570 ovos foi coletado, posteriormente separados em 157 reservatórios (poços) com dez indivíduos cada. Eles também separaram por sexo, uma vez que a transmissão dos vírus para os seres humanos ocorre pela picada das fêmeas durante o período reprodutivo.

Após a eclosão, foram realizados testes do tipo PCR (exame molecular que detecta a presença de material genético de outros organismos, semelhante ao exame de Covid) para identificar a presença dos vírus da dengue, zika e chikungunya nas larvas. Dois reservatórios (20 indivíduos) testaram positivo para chikungunya e um para zika.

O pesquisador Diego Michel, doutorando no programa de Biologia Molecular na Universidade Federal de Goiás, responsável pelo experimento

O pesquisador Diego Michel, doutorando no programa de Biologia Molecular na Universidade Federal de Goiás, responsável pelo experimento - Diego Michel/UFG

Para Diego Michel, biólogo e pesquisador responsável pelo estudo, o achado é importante por revelar um mecanismo de transmissão das arboviroses, como são chamadas as doenças transmitidas por mosquito. Embora já fossem conhecidos mecanismos de transmissão similares, pouco se conhecia sobre sua existência em áreas urbanas.

"Pode ocorrer de ovos infectados resistirem a ciclos naturais, como períodos de seca, e aí eclodiram quando vem o período chuvoso, representando então um alerta para a vigilância epidemiológica porque esses indivíduos não precisam procurar hospedeiros humanos para começar a transmissão, eles já são altamente infecciosos", explica ele, que é também doutorando em Biologia Molecular na UFG.

De acordo com a pesquisa, a transmissão vertical pode vir a ser um problema de saúde pública por facilitar a transmissão da doença para humanos. Não há, porém, registro de quanto tempo os vírus permanecem no organismo dos insetos, afirma Michel.


UFG Zika e Chikungunya Dengue Aedes Aegypti
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