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Goiânia, 29/05/24
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Associação Quilombo Kalunga relata casos de tortura e prisão ilegal de dois quilombolas por policiais militares dentro do território calunga na última semana

Comunidade Calunga denuncia tortura e prisão ilegal

19/01/2024, às 11:37 · Por Redação

A Associação Quilombo Kalunga (AQK) denuncia a ocorrência de tortura e prisão ilegal de dois quilombolas por policiais militares dentro do território calunga. O incidente ocorreu na última semana quando dois homens, de 25 e 39 anos, foram detidos pela Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO), sob acusações de invasão de domicílio, furto, dano e posse ilegal de arma de fogo. A detenção ocorreu após uma disputa com um ocupante não calunga em uma área dentro do território quilombola.

Os quilombolas, Roberto, de 39 anos, e seu sobrinho Felipe, de 25 anos, relatam ao jornal O Popular momentos de violência e tortura durante mais de dez horas sob custódia policial. O episódio teve início quando a dupla, autorizada pela AQK, foi alimentar animais na Fazenda Panorama, parte do território calunga, onde a irmã de Roberto havia se mudado recentemente com o consentimento da associação.

Ao retornarem da fazenda, foram abordados por uma viatura do Batalhão Rural e outra caminhonete ocupada por um homem não calunga que denunciou uma suposta invasão e furto. Os quilombolas foram algemados e levados de volta à fazenda, onde alegam terem sido agredidos e insultados pelos policiais. Durante a operação, foi encontrada uma espingarda que, segundo os quilombolas, não lhes pertencia.

Roberto destacou momentos de tortura, incluindo a atitude de jogar água no rosto de Felipe, que estava algemado. A violência aumentou após a descoberta da arma, que os quilombolas acreditam ter sido implantada no local para incriminá-los. Após horas sob custódia, os dois foram levados à delegacia de Campos Belos, onde foram ouvidos e liberados pelo delegado presente.

O advogado da AQK, Rômulo Rodrigues Corrêa, argumenta que os quilombolas foram presos ilegalmente e destaca que as acusações de furto e dano são contraproducentes, uma vez que os quilombolas estavam levando animais para o local. A invasão de domicílio é contestada, uma vez que se trata de território calunga. A comunidade repudia os atos de violência e exige uma investigação imparcial sobre o ocorrido.


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