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Goiânia, 29/05/24
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Diego Vara - Agência Brasil

Registro de armas de fogo em 2023 caiu 55% em relação ao ano anterior em Goiás; Cadastros no Estado passaram de 3 mil para 1,3 mil

Registro de armas de fogo em 2023 caiu 55% em relação ao ano anterior em Goiás

06/01/2024, às 09:33 · Por Redação

A quantidade de novos registros de posse de armas de fogo em Goiás apresentou uma redução de 55%, ao passar de 3 mil em 2022 para 1,3 mil em 2023. Esse declínio é atribuído ao fim de políticas pró-armamentistas e às mudanças na gestão federal, conforme especialistas ouvidos pelo jornal O Popular. Apesar da queda, o Estado ainda ocupa a sexta posição no país em número absoluto de novos registros, com um total de 51,3 mil armas sob posse civil, que representa uma taxa de 727,7 armas a cada 100 mil habitantes, superior à média nacional de 437,9.

Segundo analistas, o encerramento de políticas favoráveis ao armamento, impulsionado por mudanças no governo federal, é o principal fator que explica a redução nos registros. A diminuição em Goiás, entretanto, é menor que a média nacional, que registrou uma queda de 73,8%, passando de 95,9 mil em 2022 para 25 mil em 2023. Os dados foram levantados junto ao Sistema Nacional de Armas (Sinarm) da Polícia Federal, responsável pelo controle da posse e do porte de armas de fogo por civis.

Goiás atingiu seu ápice de novos registros em 2021, com 4,8 mil, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao longo do mandato, foram registrados 15,9 mil novos registros, representando 43,6% do total desde 2013. A queda começou em 2022, com 3 mil novos registros. As mudanças nas políticas de acesso a armas promovidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023 tiveram impacto significativo na redução dos registros. Lula diminuiu o número máximo de armas permitidas por registro e restringiu o acesso a calibres específicos, além de reintroduzir o requisito legal de comprovação de necessidade.

O gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani, enfatiza que a mudança na presidência influenciou o comportamento das pessoas em relação à aquisição de armas. Segundo ele, o fato de o País não contar mais com um presidente que é abertamente entusiasta da cultura armamentista tem um peso na redução, já que isso pode ter desestimulado muitas pessoas a adquirirem armas. “O presidente é uma liderança política, uma influência”, diz. 

Langeani acredita que os registros podem se manter estáveis em 2024, mas destaca que os números relacionados aos Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores (CACs) podem apresentar variações. Em 2023, as autorizações para novos CACs foram temporariamente suspensas e, com o decreto assinado por Lula no meio do ano passado, o acesso do grupo às armas foi restringido.

Os dados do Sinarm evidenciam uma mudança nos tipos de armas mais escolhidos em Goiás ao longo do tempo. As espingardas, carabinas e revólveres diminuíram, enquanto as pistolas aumentaram, atingindo o ápice em 2021, com 4,7 mil registros. A procura por calibres também sofreu alterações, com uma queda na busca por .22 LR e .380, enquanto o interesse por calibre 9mm, de uso restrito, cresceu. Langeani ressalta a preocupação com a circulação de armas de alto calibre nas mãos de civis ao enfatizar a necessidade de regulamentações eficazes para garantir a segurança pública.


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