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Goiânia, 01/05/25
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Cerca de 70 famílias ocupam há mais de cinco anos uma área pública municipal no bairro da região Oeste de Goiânia

Prefeitura de Goiânia derruba casa sem notificar morador no Conjunto Vera Cruz 2

07/11/2023, às 07:59 · Por Redação

O reciclador André Luis Moreira e Silva, de 40 anos e pai de dois filhos, foi surpreendido na manhã desta segunda-feira (6) quando um fiscal da Prefeitura de Goiânia, usando equipamento pesado, demolia sua moradia no Conjunto Vera Cruz 2. A ação, realizada sem aviso prévio, foi justificada com base em uma suposta ordem verbal de um superior da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh). André é parte de um grupo de cerca de 70 famílias que ocupam uma área pública municipal há mais de cinco anos, cujo processo de regularização fundiária ainda está em andamento.

O advogado Fernando Sales, que representa as famílias afetadas, descreveu  a reportagem do Jornal O Popular que a ação é "arbitrária e desumana". Segundo ele, a Lei 13.465/2017 estabelece um marco temporal de cinco anos para intervenções em áreas ocupadas, desde que um processo administrativo esteja em andamento. No entanto, Sales alega ter conversado com o secretário da Seplanh, Valfran de Sousa Ribeiro, na semana anterior, e obteve a garantia de que não haveria despejo iminente.

Fernando Sales também criticou a administração do prefeito Rogério Cruz, alegando que tais ações são recorrentes, com as famílias sendo retiradas de áreas ocupadas de forma truculenta e sem notificação adequada. Ele anunciou que levará o caso ao Ministério Público do Estado de Goiás e à Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil - seção de Goiás (OAB-GO).

Além disso, Sales enfatizou que a ação afetou somente André Luis, que enfrenta problemas de saúde e está incapacitado para o trabalho. O advogado argumentou que o fiscal agiu com abuso de autoridade ao não fornecer documentação legal ou notificação adequada, violando os princípios do direito administrativo.

Em resposta, a Seplanh alegou que a ação foi desencadeada após uma denúncia de invasão de área pública municipal e que a fiscalização constatou a irregularidade no local. A pasta informou que a Diretoria de Fiscalização suspendeu a ação após tomar conhecimento de processos administrativos em andamento relacionados à regularização da área. Se a regularização não for possível, as famílias serão devidamente avisadas e, dentro das possibilidades, atendidas pelos programas municipais de habitação e assistência social.

A ação destaca a tensão em torno da ocupação de áreas públicas em Goiânia e as controvérsias sobre a política de regularização fundiária na cidade.


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