Em meio a crises, Comurg alcança novo recorde de número de comissionados

A folha de pagamento da Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia (Comurg) atingiu marcos significativos em relação ao número de servidores comissionados em outubro, gerando questionamentos e preocupações. O mês registrou o maior número de contratados na atual gestão da Comurg, com um total de 529 comissionados, representando o maior gasto com salários, alcançando R$ 3,35 milhões (sem considerar os pagamentos de 13º salário), além de um aumento notável de 150 novos nomes em relação ao mês anterior.

Essa situação surge apenas dois meses após o término da Comissão Especial de Investigação (CEI) criada pelos vereadores em março, cujo objetivo era apurar possíveis irregularidades na companhia. No entanto, o relatório resultante da CEI não trouxe qualquer indiciamento. Os dados referentes aos servidores comissionados foram disponibilizados no portal da transparência da Prefeitura de Goiânia pouco antes do anúncio do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) sobre o repasse adicional de R$ 68 milhões para a Comurg, através de uma integralização de capital social. Vale destacar que a tentativa de realizar uma integração semelhante no valor de R$ 30,3 milhões já havia sido feita em dezembro do ano anterior, mas agora conta com o apoio do presidente da Câmara Municipal, vereador Romário Policarpo (Patriota), para a aprovação do projeto de lei.

Em setembro, quando o total de servidores comissionados chegou a 398, a Comurg justificou que essas contratações tinham como objetivo suprir as necessidades de qualificação técnica dentro do quadro de serviços da companhia, embora não tenha detalhado quais seriam essas carências. No entanto, o novo número de comissionados excede o limite recomendado no relatório da CEI da Comurg, que sugeria que a companhia poderia ter até 10% do total de servidores efetivos contratados sem concurso, que em outubro era de 4.958. Isso significaria que o total de comissionados deveria ficar em 495, de acordo com as contas dos vereadores.

Uma investigação realizada pelo jornal O Popular revelou que entre os novos contratados estão ex-servidores comissionados da Câmara Municipal, da Prefeitura de Goiânia e indivíduos que já se envolveram em eleições municipais entre 2012 e 2020. Nos bastidores, há sugestões de que essas nomeações são indicações de vereadores, visando alinhar interesses políticos entre o Legislativo, o Executivo e a própria Comurg. Recentemente, a empresa enfrentou uma crise na coleta de lixo e tem solicitado repetidamente aumentos nos repasses da Prefeitura. Em outubro, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) assinou um novo contrato com a Comurg para o serviço de coleta de lixo, no valor de R$ 681,4 milhões por ano, representando um aumento de 22,2% em comparação ao valor de janeiro de 2023 e um aumento de 15,4% em relação ao contrato original de dezembro de 2021.

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