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Goiânia, 29/05/24
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No mesmo período, só foram realizados 136 abortos legais no estado

Em cinco anos, Goiás registra 17,8 mil abortos

23/10/2023, às 16:02 · Por Redação

No período compreendido entre 2019 e 2023, o estado de Goiás registrou um total de 17.882 casos de aborto que resultaram em atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, apenas 136 desses casos foram legalmente autorizados, incluindo 23 envolvendo menores de idade. Do total de atendimentos realizados pelo SUS, 5.873 (32,8%) corresponderam a casos de aborto espontâneo, 94 (0,6%) a abortos realizados por razões médicas e 11.915 (66,6%) a outras situações de gravidez que resultaram em aborto. Esse último número também engloba possíveis casos de complicações em abortos iniciados fora das unidades de saúde.

No Brasil, a interrupção de gestação é permitida apenas em três situações: gravidez resultante de estupro, risco à vida da gestante e anencefalia do feto. Em todos os outros casos, o aborto é considerado crime doloso contra a vida.

O debate sobre a descriminalização do aborto nas primeiras 12 semanas de gestação ganhou destaque no Supremo Tribunal Federal (STF). A então presidente do STF, ministra Rosa Weber, votou a favor da descriminalização antes de sua aposentadoria. No entanto, o julgamento foi suspenso por pedido de destaque do ministro Luís Roberto Barroso.

Uma pesquisa nacional de 2021 sobre o aborto revelou que uma em cada sete mulheres, com idade próxima aos 40 anos, já realizou pelo menos um aborto no Brasil. Dentre essas mulheres, 52% tinham 19 anos ou menos quando fizeram o primeiro aborto. As taxas mais altas de realização de aborto foram observadas entre mulheres com menor escolaridade, negras, indígenas e residentes em regiões economicamente desfavorecidas. Apesar disso, não existem dados oficiais sobre o aborto inseguro no país.

Segundo Alexandra Nunes Assis, assessora técnica da Superintendência de Política de Atenção Integral à Saúde (Spais) da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás, não é possível afirmar com certeza que a categoria de "outras gravidezes que terminaram em aborto" inclui exclusivamente casos de aborto inseguro que foram encaminhados ao sistema de saúde. No entanto, há indícios de que alguns desses casos possam se enquadrar nesse contexto.

Abortos inseguros podem acarretar diversas complicações, sendo o sangramento descontrolado o risco principal. Além disso, dependendo do método utilizado, há a possibilidade de perfuração uterina, cicatrizes uterinas, infecções, infertilidade e o desenvolvimento de dores crônicas. A conscientização sobre essa questão é crucial para garantir a segurança e a saúde das mulheres.


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