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Pessoas que já estiveram em celebrações dos líderes religiosos disseram não esperar situação

Polícia flagra 2ª clínica de pastores em Anápolis com casos de maus-tratos

01/09/2023, às 15:40 · Por Redação

Fiéis que frequentavam a igreja dos responsáveis pelo funcionamento de clínicas clandestinas que mantinham internos em cárcere privado, em Anápolis, receberam com surpresa as notícias sobre o caso. Após a desarticulação de uma clínica com 50 internos em situação de maus-tratos na última terça-feira (29), a Polícia Civil do Estado de Goiás (PC) encontrou mais 43 pessoas em condições semelhantes em outra unidade, também de propriedade do casal, nesta quinta-feira (31). O POPULAR conversou com duas mulheres que frequentavam a Igreja Batista Nova Vida de Anápolis, na Vila Industrial. Os pastores do local eram os donos das duas clínicas que tiveram o funcionamento desarticulado pela polícia: Suelen Amaral Klaus, que já foi presa, e Angelo Mario Klaus Junior, que está foragido. Além do casal, outras seis pessoas estão envolvidas nos crimes.

Uma das fiéis, que preferiu não se identificar, conta que deixou de frequentar a igreja no início do segundo semestre de 2022 porque se mudou para longe. Ela afirma que recebeu a notícia sobre o funcionamento das clínicas irregulares com espanto. “O choque que a gente leva é coisa de outro mundo. Ficamos sem entender e acreditar até que ponto chega o ser humano”, diz. A outra fiel, que também preferiu não se identificar, parou de frequentar a igreja em 2020, após mais de sete anos congregando no local. Ela relata que os pastores nunca mencionaram a existência das clínicas para ela. A mulher aponta ainda que deixou de frequentar a igreja por conta de problemas de convivência com os pastores, especialmente Suelen. “Nunca falaram sobre clínica. Me abalou bastante (a notícia). Como pode, né?.”

À polícia, Suelen negou a existência de qualquer tipo de maus-tratos nos estabelecimentos. “Ela falou que estava prestando um serviço e que eles eram bem cuidados”, diz o delegado Manoel Vanderic Filho, titular da Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso (Deai) de Anápolis. Suelen ocupava o cargo de Gerente do Banco de servidores comissionados da Secretaria Municipal de Economia e Planejamento de Anápolis, com salário de mais de R$ 5 mil. A exoneração foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM) da última quarta-feira (30). Em 2020, ela chegou a ser candidata a vereadora do município pelo Partido Solidariedade.

A primeira operação ocorreu depois que um idoso de 96 anos deu entrada no Hospital Estadual de Anápolis (Heana) com sinais de maus-tratos. “Fomos investigar com a família e descobrimos que ele estaria internado nesta clínica”, aponta Vanderic. Chamada de Amparo Centro Terapêutico, a unidade funcionava na zona rural de Anápolis, em local chamado Sítio Promissão Chácara Zoe. Quatro funcionários e Suelen foram presos. “O Klaus disse que iria se entregar nesta quarta-feira, o que não ocorreu”, esclarece o delegado. No local, foram encontrados 50 homens em condições precárias. Eles tinham de 14 a 96 anos, sendo que alguns são dependentes químicos e um adolescente é autista. Eles não tinham acesso à alimentação adequada, eram dopados e agredidos constantemente. Segundo relatos dos internos, os idosos e autistas eram as vítimas comuns de atos como a prática de jogar água gelada sobre eles e amarrá-los nas camas. No dia da operação, Vanderic comparou o local a um campo de concentração.


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