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Madeireira Cedro do Líbano, de Goiânia, com capital social de R$ 15 mil, é investigada por movimentações atípicas de R$ 33,27 milhões em três anos

Movimentações suspeitas de madeireira goiana são alvo de investigação da CPI de 8 de janeiro

10/08/2023, às 08:25 · Por Redação

A madeireira Cedro do Líbano, com sede na Região Noroeste de Goiânia, se tornou alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, devido a movimentações financeiras suspeitas que totalizam R$ 33,27 milhões nos últimos três anos. Com um capital social de R$ 15 mil, a empresa é investigada pela Polícia Federal (PF) após repasses a um militar da ajudância de ordens da Presidência da República durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).

As suspeitas levantadas por tais movimentações abriram caminho para uma apuração mais ampla, abarcando possíveis irregularidades de outras empresas. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apresentou um relatório à CPI detalhando as transações incomuns de 80 nomes, entre pessoas físicas e jurídicas, ligadas a Cedro do Líbano. Informações obtidas pelo jornal O Popular revelaram que duas outras empresas, incluindo uma de Goiás, também receberam pagamentos da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

Um ponto de destaque é a movimentação financeira atípica de R$ 2,9 milhões por parte do segundo-sargento Luis Marcos dos Reis, que estava ligado à ajudância de ordens e atualmente encontra-se detido por suspeita de falsificação de cartões de vacinação. O militar estava sob a subordinação do tenente-coronel Mauro Cid, também envolvido em diversas investigações irregulares.

Além das investigações, a Cedro do Líbano teve contratos com órgãos públicos, como a Codevasf, a Universidade Federal do Espírito Santo e o Instituto Federal do Tocantins. A empresa forneceu equipamentos para o Amapá e celebrou acordos que totalizaram R$ 299,7 mil.

O envolvimento da madeireira Cedro com o sargento dos Reis chamou a atenção, especialmente após revelações de transferências realizadas ao militar. Parte desses valores foi usada para quitar despesas de um cartão de crédito vinculado a Michelle Bolsonaro. As informações foram obtidas através da quebra de sigilo de ex-auxiliares do tenente-coronel Mauro Cid.

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) solicitou e obteve o Relatório de Informações Financeiras (RIF) da Cedro, que revelou uma empresa com faturamento médio mensal de R$ 248,6 mil. A propriedade é compartilhada por duas mulheres, porém, o marido de uma delas, Vanderlei Cardoso de Barros, é quem administra efetivamente as operações. O Coaf levantou dúvidas sobre a compatibilidade entre a movimentação financeira e o porte da empresa, sugerindo possíveis atividades não declaradas.

O RIF destacou que a conta da Cedro registrou recebimentos de R$ 16.663.279,33 e transferências de R$ 16.609.427,22 de janeiro de 2020 a abril de 2023. Esses números, porém, se referem apenas às transações consideradas atípicas pelo sistema bancário. O documento também evidenciou repasses ao sargento dos Reis, que possui rendimentos mensais de R$ 10,7 mil como servidor público federal, além de movimentar R$ 2,9 milhões.

Em resposta às investigações, a Cedro do Líbano alegou que Vanderlei emprestou dinheiro ao sargento dos Reis por conta de relações pessoais. A empresa ainda aguarda notificações da PF ou da CPI para obter mais informações sobre o andamento das investigações e negou qualquer envolvimento em pagamentos a Michelle Bolsonaro.


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