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Goiânia, 29/05/24
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Maior concentração de matéria orgânica provocada pela estiagem e alta luminosidade são as causas

Poluição na barragem do Ribeirão João Leite gera proliferação de algas e macrófitas

03/08/2023, às 08:34 · Por Redação

Quem passa pela BR-060 entre Goiânia e Terezópolis de Goiás atualmente não consegue mais visualizar o espelho d'água formado pela barragem do Ribeirão João Leite, devido à forração de algas e macrófitas, que são plantas aquáticas. Esse fenômeno é comum nesta época do ano, especialmente em razão do período de estiagem, que resulta em maior concentração de matéria orgânica na água e maior luminosidade na região.

De acordo com o engenheiro agrônomo e professor do Instituto Federal de Goiás (IFG), Antônio Pasqualetto, a presença da vegetação é um indicativo de poluição no local. Ele explica que a presença de plantas aquáticas indica o processo de eutrofização da água, causado pela entrada de matéria orgânica na lagoa a partir da ocupação da bacia do João Leite, incluindo propriedades rurais e até mesmo a rodovia e cidades. A proliferação das plantas é impulsionada pela presença de fósforo e nitrogênio, substâncias comuns em fertilizantes usados na agricultura. A pequena distância entre os imóveis rurais e a barragem facilita o transporte de resíduos, incluindo agrotóxicos e efluentes domiciliares, até a água.

Durante a estiagem, ocorre uma redução natural no volume da água da barragem, o que leva a uma maior concentração de matéria orgânica na região. Esse cenário, combinado com a intensa luminosidade direta, proporciona o ambiente ideal para o crescimento das macrófitas e algas. Segundo Pasqualetto, a proliferação das plantas pode afetar negativamente a oxigenação da água, medida pelo nível de oxigênio dissolvido, e resultar na perda de luminosidade, pois uma barreira física é criada para a luz natural. Ele alerta que isso aumenta a demanda bioquímica de oxigênio na lagoa, prejudicando animais e plantas. Peixes podem ficar mais sensíveis à falta de oxigênio e iluminação, e o sistema radicular também pode liberar dióxido de carbono no ambiente.

A Saneago, responsável pela barragem do Ribeirão João Leite, informa que "as plantas aquáticas existentes no reservatório estão localizadas em área de água bruta e não afetam a qualidade da água tratada distribuída à população". O sistema João Leite abastece parte da região metropolitana de Goiânia, incluindo a capital, em complemento ao sistema Meia Ponte. A empresa complementa que a vegetação sobre a lagoa faz parte do ecossistema e costuma aumentar nesta época do ano. A Saneago monitora as macrófitas para controlar sua proliferação e garantir a oxigenação do reservatório. De acordo com a empresa, a quantidade atual de plantas no manancial não prejudica o abastecimento, e não há necessidade de retirada da vegetação, pois não há alterações físico-químicas na água bruta.

Pasqualetto menciona que a retirada ou não das plantas, por meio de processo físico, depende da quantidade e se há prejuízo ambiental e para a água.


Vegetação João Leite
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