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Goiás ocupa oitava posição em ranking de intoxicação por agrotóxicos no Brasil; com registro de 3.529 casos de 2007 a 2022, segundo dados do Ministério da Saúde

Goiás ocupa oitava posição em ranking de intoxicação por agrotóxicos no Brasil

01/07/2023, às 10:05 · Por Redação

Goiás é o oitavo estado brasileiro com maior número de notificações de intoxicação exógena por agrotóxicos agrícolas, revela um levantamento realizado pelo DataSUS do Ministério da Saúde. De 2007 a 2022, foram registrados 3.529 casos no estado. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que para cada caso notificado, outros 50 não são devidamente registrados, evidenciando a gravidade da situação.

De acordo com informações do jornal O Popular, os estados com maior número de notificações são Paraná (10,3 mil), São Paulo (7,8 mil) e Minas Gerais (7,7 mil). A intoxicação exógena ocorre quando há exposição a substâncias químicas tóxicas, resultando em sintomas diversos.

A posição ocupada por Goiás nesse ranking está diretamente relacionada ao seu papel como produtor, consumidor e distribuidor de agrotóxicos, abastecendo estados vizinhos como Mato Grosso e Pará. Essa realidade torna a contaminação de mananciais e a circulação de produtos ilegais desafios significativos a serem enfrentados pelas autoridades e pela sociedade.

Segundo os dados levantados, a maioria dos casos de intoxicação (50,9%) ocorreu durante o trabalho, enquanto 40,5% ocorreram fora do ambiente profissional. As demais notificações não continham informações preenchidas. Entre as principais circunstâncias relacionadas aos registros, cinco delas representam 83,4% do total. Acidentes lideram com 41,9% dos casos, seguidos de tentativas de suicídio (25,9%), uso habitual (8,6%), contaminação ambiental (7%) e outros motivos (16,6%).

O professor e pesquisador Murilo Mendonça Oliveira de Souza, do Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade Estadual de Goiás (UEG), destaca que o contexto do agronegócio no estado e no Cerrado está diretamente ligado às intoxicações. A agricultura baseada na grande lavoura, com o uso intensivo de insumos químicos, maquinários pesados e a adoção de transgênicos desde as décadas de 1960 e 1970 são fatores que contribuem para essa realidade preocupante.

A contaminação dos mananciais por agrotóxicos é uma questão alarmante. Um relatório intitulado "Vivendo em Territórios Contaminados: um dossiê sobre agrotóxicos nas águas do Cerrado" revelou um alto grau de contaminação nas amostras coletadas em Goiás, embora poucos pontos tenham sido analisados. Foram realizadas 18 coletas em quatro pontos, todos localizados nas proximidades do acampamento Leonir Orback, em Santa Helena, onde residem 170 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Nos dois ciclos de coleta realizados, entre fevereiro e março de 2022 e entre novembro de 2022 e fevereiro de 2023, foram identificados agrotóxicos como 2,4-D, atrazina, Etofenprox, fipronil e glifosato nas amostras analisadas.

Diante desses dados alarmantes, é fundamental que medidas efetivas sejam tomadas para mitigar os riscos associados ao uso de agrotóxicos agrícolas em Goiás. É necessário promover uma agricultura mais sustentável e consciente, buscando alternativas que minimizem os impactos socioambientais e protejam a saúde da população e dos recursos hídricos, garantindo um futuro mais saudável para todos.


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