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Colégio de Aparecida demite professora após deputado criticá-la por usar camiseta com frase de artista plástico; camiseta faz alusão à obra 'Seja marginal, Seja herói', de Hélio Oiticica

Colégio de Aparecida demite professora após deputado criticá-la por usar camiseta com frase de artista plástico

06/05/2023, às 13:28 · Por Redação

Uma professora de história da arte, que preferiu não se identificar, foi demitida do Colégio Expressão, em Aparecida de Goiânia, após o deputado federal Gustavo Gayer (PL) criticá-la, nas redes sociais, por ela usar uma camiseta com a frase de um artista plástico renomado. A expressão na camiseta faz alusão à obra 'Seja marginal, Seja herói', de Hélio Oiticica, um dos mais importantes artistas brasileiros a partir de 1950 e que a professora frequentemente trabalha em sala de aula por ser tema de questões de vestibular.

Ao G1 Goias, a professora disse que sempre usou camisetas com obras de arte. “É um jeito que tenho para conversar sobre arte com os alunos, de forma despretenciosa. Naquele dia expliquei e eles entenderam o contexto histórico da obra", disse a professora, que foi demitida na última quinta-feira, 2, depois de publicar em suas redes sociais uma foto com a camiseta.

Ela ainda detalhou que a postagem feita pelo parlamentar se tratava de uma montagem e contava com uma legenda falsa com os escritos "professora de história com look petista em sala de aula", que ela não havia escrito na publicação original. "Minhas camisetas de obras de arte são feitas por um amigo e na foto eu literalmente só marquei a loja. A obra é vermelha, por isso a camiseta é vermelha. Não há associação política alguma", pontuou.

Como de costume, os jornalistas que entraram em contato com deputado federal recebem como resposta uma receita de bolo, que é enviada por sua assessoria de imprensa. Assim foi feito com a jornalista do jornal O Popular, que depois de receber a receita de bolo como resposta, teve sua mensagem exposta na página pessoal do deputado. Recentemente, ele publicou um print de uma conversa de um grupo de jornalistas de Goiás também expondo profissionais de imprensa.

O Colégio Expressão divulgou em suas redes sociais que "escola não é lugar de propagar ideologias políticas, religiosas ou preconceituosas", disse ainda que ensinar conteúdos polêmicos em sala de aula pode ser um desafio para os educadores. “Porém, como profissionais da educação, temos a responsabilidade de apresentar esses temas de forma imparcial e crítica, sem tomar partido ou influenciar nossos alunos. É importante destacar que a escola não é lugar de propagar ideologias politicas, religiosas ou preconceituosas. Nossa missão é formar cidadãos conscientes e éticos, capazes de compreender e respeitar as diferenças culturais e ideológicas. Reconhecemos que essa é uma tarefa complexa, mas estamos comprometidos em buscar constantemente o aprimoramento para oferecer um ensino de qualidade”, publicou.

O advogado da professora, Alexandre Amui, disse que ela entrou com uma ação contra o deputado Gustavo Gayer, onde pediu a exclusão dos vídeos, proibição de novas postagens, direito de resposta e dano moral. O advogado ainda diz que deve ajuizar uma ação trabalhista contra a escola.

O Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro Goiás) repudiou a atitude do deputado e afirmou que entrou com uma ação contra o parlamentar na Justiça Federal, solicitando a exclusão das redes sociais disseminadoras de ódio e falsas notícias, incluindo que a página dele "persegue professores em nome do monitoramento da suposta doutrinação", comentou.


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