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Goiânia, 29/05/24
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O prestígio de Iris levou Goiás a uma inédita relevância política nacional

15 de março de 1983: Há 40 anos Iris chegava ao governo

15/03/2023, às 13:24 · Por Eduardo Horacio

Ao anunciar o encerramento de uma carreira política com mandatos que percorreram mais de seis décadas e em meio a muitas (e justas) homenagens, o ex-governador Iris Rezende refletiu algumas vezes sobre sua trajetória política. Iris dizia que seu maior desafio havia sido em 1965, no seu primeiro mandato de prefeito de Goiânia. Ele voltaria a comandar a capital por mais três ocasiões, sempre em sinergia com a cidade que o acolheu ainda jovem, aos 15 anos.

A trajetória de Iris Rezende, porém, é tão fora da curva que outro momento merece um olhar mais atento. Há exatos 40 anos, em 15 de março de 1983, ele assumia pela primeira vez os destinos de Goiás. Nos três anos seguintes (incompletos), Iris transformou o Estado. E aqui o termo ‘transformação’ não é um exagero ou mera retórica. Ainda hoje as marcas do governo Iris estão por todos os cantos de Goiás.

Mas não dá para falar do Iris governador sem lembrar o Iris prefeito. Como ele sempre gostava de dizer: “foi Goiânia quem me projetou para Goiás”. No encerramento de uma gestão com alta popularidade e, por isso, cotado para disputar a eleição estadual, “com o nome na rua”, novamente nas palavras dele, Iris teve o mandato cassado em 20 de outubro de 1969.

Até o dia em que foi empossado governador de Goiás, naquele 15 de março de 1983, passaram-se 13 anos, 4 meses e 25 dias. Quantos políticos resistiriam tantos anos no ostracismo? Verdade que aquela campanha, uma verdadeira saga, teve o pontapé inicial em agosto de 1979, com a Lei da Anistia – que devolveu direitos políticos aos opositores da ditadura militar (1964-1985).

Mas o que o primeiro mandato de Iris no governo de Goiás teve de tão extraordinário? Primeiro, e talvez o mais emblemático, havia uma esperança renovada com a volta das eleições diretas para governador e a perspectiva no horizonte de que o País retomasse, enfim, o caminho democrático.

O compromisso de Iris com o povo, que lhe deu uma vitória consagradora nas urnas (2/3 dos votos válidos), era proporcional à expectativa nele depositada. E Iris não decepcionou.

Entre 1983 e 1986, Iris ergueu as bases de um Goiás moderno e urbano. Para isso, pavimentou 4,3 mil quilômetros de rodovias, ergueu milhares de casas populares (mil delas em um só dia, todos sabem) e salas de aulas, levou água tratada e energia elétrica a um Estado de fronteiras gigantes, afinal “Tocantins era Goiás”, lembrava ele. Com o Fomentar, atraiu indústrias e gerou milhares empregos, fez a economia girar e fez Goiás, enfim, crescer. Lembrando: tudo isso em menos de três anos.

Mais uma vez o político habilidoso – que construiu uma candidatura deixando para trás Mauro Borges, ex-governador e filho de Pedro Ludovico; e Henrique Santillo, então senador da República – mostrava-se novamente um gestor vocacionado, com grande capacidade de decisão e intuição muito afiada.

O prestígio de Iris levou Goiás a uma inédita relevância política nacional. A pedido de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, líderes do MDB em campanha por eleições diretas para presidência da República, Iris organizou em Goiânia o primeiro grande comício das Diretas Já, em abril de 1984. Naquela altura, Iris já era o mais popular entre todos os governadores eleitos em 1982. 

Pelo menos 300 mil pessoas se aglomeraram na Praça Cívica numa demonstração de força política jamais vista em Goiás. Meses depois, repetiu o megacomício para legitimar a eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, após a emenda constitucional que previa o retorno das eleições diretas ser rejeitada pelo Congresso Nacional.

As realizações do governo e a grande demonstração de força na busca pela redemocratização do País levaram Iris definitivamente ao cenário político nacional. Em fevereiro de 1986, ele aceitou o convite do presidente José Sarney para se tornar ministro da Agricultura, renunciando ao último ano de mandato. Iris sabia que já havia feito história e que o momento era de alçar novos voos.


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